Economia

Percepção de risco do Brasil tem alta de 28,6% em fevereiro

O CDS de 5 anos chegou aos 131 pontos. A aversão ao risco, segundo o Tesouro Nacional, levou a um movimento de fuga para títulos de qualidade

O mês de fevereiro foi marcado pelo início da piora na percepção de risco de emergentes e de um movimento de flight to quality (fuga para a qualidade), guiado principalmente pelo noticiário relacionado à epidemia do coronavírus. Com isso, o risco de países emergentes, como o Brasil, disparou. Segundo o Tesouro Nacional, o CDS (título que o mercado avalia como indicador de risco) de 5 anos do Brasil apresentou alta de 28,6% em fevereiro, atingindo 131 pontos base. 

A título de comparação, o Tesouro divulgou a alta da Colômbia, de 28,61%, a 101 pontos, do México, com aumento de 27,38%, a 104 pontos, e da Turquia, com crescimento de 24,54%, aos 299 pontos. A justificativa, no sumário executivo de apresentação dos dados da Dívida Pública Federal (DPF), é “a propagação do vírus ao redor do mundo, que deflagrou um movimento de aversão ao risco, levando os títulos do Tesouro Americano (Treasuries) a renovarem as mínimas históricas” 

No mercado local, a curva de juros ganhou inclinação, com os vencimentos mais curtos em queda, reagindo a dados fracos de atividade e expectativas benignas de inflação, enquanto o cenário externo mais incerto e a alta do dólar contribuíram para a elevação nos vencimentos mais longos. O ganho de inclinação, embora modesto, corrobora a visão de que a trajetória dos juros no curto prazo permaneceu bem ancorada, enquanto cenário internacional, câmbio e aversão a risco dominaram a dinâmica das taxas longas.

Dívida

Em fevereiro, houve emissão líquida na DPF, com R$ 20,16 bilhões, resultante de R$ 22,72 bilhões em resgates, praticamente todo concentrado no pagamento de cupons de NTNBs. Do ponto de vista das emissões, de R$ 42,89 bilhões, estas foram concentradas em prefixados, cerca de 53%, seguidas por índice de preços, com 34%, marcando o mês de fevereiro com baixa participação de emissões de taxa flutuante. 

A Dívida Pública Federal externa (DPFe) apresentou resgate líquido de R$ 359,2 milhões, resultado de um resgate de R$ 491,8 milhões, concentrado principalmente no pagamento de cupons dos títulos Globais com vencimento em 2025 e 2047. No acumulado do ano, o resgate líquido passou de R$ 55 bilhões em janeiro para R$ 35 bilhões em fevereiro.

Saiba Mais

O estoque da DPF teve um aumento de 1,22%, resultado da emissão líquida de R$ 20,16 bilhões no mês, somada à apropriação de juros de R$ 31,33 bilhões. Todos os indexadores tiveram variação positiva no mês, sendo o principal destaque os prefixados, com elevação de R$ 31,1 bilhões. Destaca-se também o comportamento da DPFe, que apesar do resgate líquido ocorrido no mês, teve um aumento de R$ 9 bilhões, explicado principalmente pela variação cambial de 5,36% ocorrida no mês.

Quanto à composição, observou-se aumento na participação de prefixados e cambial. A participação de prefixados elevou-se de 29,5% para 29,9%, devido à sua emissão líquida, e na parcela cambial, de 4,3% para 4,5%, devido, principalmente, à apreciação do dólar em relação ao real. Os demais indexadores apresentaram queda no mês de fevereiro.