Rafaela Gonçalves*
postado em 25/03/2020 17:55

Nas bolsas americanas o otimismo se deu após o Congresso chegar a um acordo para aprovar o pacote de US$ 2 trilhões em estímulos para mitigar os efeitos econômicos da pandemia no país. O acordo ainda preliminar deve seguir para votação no Senado e na Câmara dos Representantes e só depois irá à sanção do presidente Donald Trump. Aumentando o alívio, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, pediu aos ministros das Finanças da zona do euro que considerem a emissão de títulos extraordinários de dívida, que ajudariam a combater a crise causada pelo coronavírus.
O analista da Clear Corretora, Rafael Ribeiro, destaca que acima de tudo os investidores observam os esforços dos Bancos Centrais. ;O BCE disposto a mudar a ferramenta de compra de títulos, que já estava guardada desde 2012 quando houve crise dos títulos, é mais um plano e mostra que vão promover fluxo de crédito e não travar o sistema financeiro, que é a grande preocupação do mercado como todo. Os estímulos americanos querendo ou não também ajudam a melhorar os ânimos, mas em geral o mercado tem um repique;, afirmou. O movimento de alta, usualmente de curta duração, ocorre durante processo de baixa de preços a que estão submetidos os títulos.
No cenário doméstico, gera instabilidade o discurso do presidente da República, Jair Bolsonaro, que voltou a se referir ao coronavírus como ;resfriadinho; e defendeu que as pessoas voltem a trabalhar para que não haja desemprego. No discurso, contrariando as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde, o presidente criticou o fechamento de escolas e do comércio no Brasil, o que causou atrito e discordância em reunião com os governadores.
[SAIBAMAIS]O dólar comercial também repercutiu a onda de otimismo do mercado externo, a moeda norte-americana registrou queda de 0,93%, cotada a R$ 5,03. Segundo os analistas o câmbio vive uma correção natural em meio aos estímulos mundiais que injetaram liquidez no mercado, como o empréstimo de swap ofertado na semana passada pelo pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu 46 pontos-base a 4,60%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de 71 pontos-base a 6,05% e DI para janeiro de 2025 recuou 82 pontos-base a 7,57%. Segundo o analista da Clear Corretora, a curva sugere que o Banco Central promova o corte a taxa Selic mais uma vez em sua próxima reunião. ;Aponta que existe espaço para cortar mais juros e manter a taxa em níveis históricos;, afirmou Ribeiro.