Economia

Giraffas destitui acionista

Carlos Guerra afastou o filho do conselho de administração após Alexandre, em vídeo, colocar sob ameaça o emprego dos funcionários. Empresários tentam ajustar o discurso ao repúdio generalizado contra a manutenção da atividade econômica neste momento

Correio Braziliense
postado em 26/03/2020 04:09
Carlos Guerra: declarações do filho não representam posição da empresa

O Conselho de Administração do Giraffas afastou Alexandre Guerra do dia a dia da empresa depois do estrago provocado por ele na imagem da rede de fast food. Em um vídeo, ele fez terrorismo com os empregados do Giraffas, ameaçando-os de demissão em meio à suspensão das operações da empresa por causa do novo coronavírus. Alexandre, que detinha 1% das ações do Giraffas, é filho do fundador da empresa, Carlos Guerra. “Você que é funcionário, que talvez esteja em casa numa boa, numa tranquilidade, curtindo um pouco esse home office, esse descanso forçado, você já seu deu conta que, ao invés de estar com medo de pegar esse vírus, você deveria também estar com medo de perder o emprego?”, disse Alexandre.

As declarações de Alexandre chocaram até o pai dele, Carlos, que havia feito um vídeo justamente na direção contrária, acalmando os empregados da rede Giraffas. Ontem, Carlos Guerra anunciou o afastamento do filho. “Alexandre Guerra é meu filho e fez gravações de vídeos que nós não concordamos e que pedimos que não fosse conectadas ou vinculadas ao Giraffas. Concordamos que, para evitar esse tipo de vínculo, Alexandre deixe de ser acionista e deixe o cargo de membro do conselho de administração”, comunicou Carlos Guerra em novo vídeo. Ele salientou que o filho não faz parte do quadro da empresa há mais de quatro anos.

Carlos ressaltou que o Giraffas estava dando férias coletivas a seus funcionários, pois o momento era de todos ficarem em casa. “A nossa preocupação maior é a tranquilidade de vocês, funcionários”, frisou. Carlos Guerra reforçou que sua empresa segue a orientação de “autoridades médicas responsáveis” e recomendou o isolamento até que o sistema de saúde nacional controle o coronavírus.

Dilema social

O dilema entre salvar a economia ou salvar vidas se intensificou no início da semana. O posicionamento do Jair Bolsonaro, que é favorável à retomada da atividade econômica, contraria as autoridades médicas, mas faz eco a uma reivindicação do setor empresarial. No clima radical das redes sociais, alguns empresários foram obrigados a dar esclarecimentos.

Junior Durski, dono da rede de lanchonetes Madero e Jeronimo Burguer, procurou se retratar após divulgar um vídeo no qual se dizia contrário ao lockdown – fechamento geral do comércio – e que a morte de 5 mil ou 7 mil pessoas não era mais grave do que os danos econômicos. Durski pediu desculpas pelas suas declarações — “Não quero ser mal interpretado” —, mas insistiu no ponto de que as medidas de contenção são desproporcionais ao risco da pandemia no país. “Não é possível que não pensem na consequência econômica”, disse. “As empresas grandes não vão quebrar; as empresas pequenas vão quebrar todas”, alertou.

Roberto Justus comentou.  “Estamos dando um tiro de canhão para matar um pássaro. Nunca disse que não devemos tomar cuidado. Mas estamos parando a economia brasileira”, alertou.


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