Correio Braziliense
postado em 30/03/2020 04:24
Brasil continua dividido até na crise do coronavírus
O empresariado brasileiro está dividido entre duas grandes correntes. De um lado, os que defendem a volta imediata dos trabalhadores em quarentena. De outro, os que consideram arriscado expor a população ao coronavírus. É lamentável como o país não consegue se livrar do radicalismo dos extremos. As duas divisões antagônicas não apenas confundem a população como escancaram a profunda desunião do país. É assim em todos os setores da sociedade. A cloroquina funciona contra a Covid-19? A medicina não tem a resposta definitiva, mas os fanáticos do “sim” e do “não” sustentam seus pontos de vista como se realmente soubessem. O pacote econômico do governo para socorrer as empresas é suficiente? A crise vai durar 15 dias ou cinco meses? A Bolsa vai se recuperar rapidamente? Para cada um dos questionamentos acima há uma legião de “especialistas” com convicções indestrutíveis. Se há uma lição que o coronavírus deixou, ela é a seguinte: por enquanto, ninguém pode ter 100% de certeza de nada.
Na Caoa Chery, teste drive em domicílio
Fábricas paralisadas, concessionárias fechadas, consumidores sumidos. A indústria automotiva vive uma crise sem precedentes, mas as empresas lutam para criar alternativas de negócios. Há alguns dias, a Caoa Chery lançou o atendimento em domicílio. Funciona assim: um vendedor leva o carro até a casa do cliente, que pode fazer o teste drive sem precisar ir à loja. Segundo a empresa, o veículo passa por higienização completa antes de ser testado pelo cliente.
“Estamos trabalhando com as autoridades para consertar respiradores, trazendo-os para nossas instalações a fim de repará-los e enviá-los de volta aos hospitais. Queremos ajudar da melhor maneira que pudermos”
Carlos Zarlenga, presidente da GM na América do Sul
Se o comércio reabrir, consumidores voltarão às compras?
A pressão dos varejistas para que as autoridades reabram o comércio sob a ameaça de demissões em massa levanta algumas dúvidas: os consumidores frequentarão shoppings, lojas e restaurantes se o coronavírus continuar avançando? Eles estarão dispostos a voltar à normalidade diante do temor legítimo da pandemia? Esse é um lado do debate que precisa ser considerado. Os varejistas precisam de uma solução imediata, mas é preciso olhar para todos os aspectos da questão.
Magazine Luiza é a empresa mais preparada
A consultoria Economática, especializada no mercado de capitais, listou as empresas mais preparadas para enfrentar a crise do coronavírus. O critério adotado foi a relação entre o caixa e as dívidas de curto prazo da companhia (aquelas que vencem em até 12 meses). Por essa métrica, o Magazine Luiza lidera o ranking com folga: seu caixa é 488 vezes maior que as dívidas de curto prazo. Depois aparecem a seguradora Wiz (uma relação de 432 vezes) e empresa de energia Cesp (151 vezes).
Rapidinhas
» A Boeing, que enfrenta grave crise financeira, pode ser uma das grandes beneficiadas pelo pacote de estímulo de US$ 2 trilhões do governo dos Estados Unidos. Estima-se que a empresa precise de US$ 60 bilhões para arrumar a casa depois da queda de duas aeronaves 737 Max. O governo americano estuda injetar dinheiro na companhia.
» O Grupo Impacto, de serviços e segurança, adotou uma série de medidas para ampliar os negócios em plena pandemia do coronavírus. A empresa passou a oferecer o início imediato das operações com o primeiro pagamento em 60 dias para contratos com duração de 36 meses. Apesar da crise, a companhia fechou novos contatos.
» Os frigoríficos JBS, Marfrig e Minerva começaram nos últimos dias a receber mais encomendas de carne da China, depois da forte desaceleração no primeiro bimestre. Com o coronavírus relativamente controlado no país asiático, a tendência é de que as exportações brasileiras de proteínas animais avancem nos próximos meses.
» A crise obriga as empresas a fazerem ajustes em suas operações. A Ouro Verde, uma das maiores gestoras de frotas de veículos do país, está em busca de novos contratos com o agronegócio, que continua imune aos efeitos negativos do coronavírus. Segundo a companhia, as usinas de etanol e açúcar aumentaram os pedidos nas últimas semanas.
2,3%
do PIB mundial foram desembolsados pelos governos em estímulos fiscais para combater o coronavírus. É mais do que na grande crise financeira de 2008
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