Correio Braziliense
postado em 30/03/2020 18:51
O Senado aprovou nesta segunda-feira, 30, de forma unânime, a criação de um auxÃlio emergencial de R$ 600 a trabalhadores informais.
O vice-presidente da Casa, senador Antônio Anastasia (PSD-MG), antecipou a conclusão da votação para acelerar o trâmite de envio da mensagem de aprovação à Presidência da República. Como o tema é urgente, o objetivo é que o presidente Jair Bolsonaro sancione o texto o mais rápido possÃvel.
Só após a sanção é que o dinheiro começará a ser liberado à s famÃlias brasileiras. O benefÃcio será repassado por três meses e será pago em dobro para mulheres chefes de famÃlia. A criação do benefÃcio havia sido aprovada na semana passada pela Câmara dos Deputados. Hoje, teve apoio dos 79 senadores votantes.
Além do auxÃlio emergencial, também será paga uma antecipação de R$ 600 a pessoas com deficiência que ainda aguardam na fila de espera do INSS até a concessão do BenefÃcio de Prestação Continuada (BPC).
Inicialmente, o governo havia proposto um benefÃcio de R$ 200 mensais. O relator do projeto na Câmara, deputado Marcelo Aro (PP-MG), decidiu subir o valor a R$ 500, mas na última quinta-feira o presidente Jair Bolsonaro deu aval para subir para R$ 600.
Os valores serão pagos durante três meses, podendo ser prorrogados enquanto durar a calamidade pública devido à pandemia do novo coronavÃrus. A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado calcula que 30,5 milhões de trabalhadores serão beneficiados. O gasto foi estimado em R$ 59,8 bilhões nos três meses.
No Senado, o relator, senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) fez apenas ajustes de redação. Em uma das mudanças, ele deixou claro que o trabalhador intermitente que estiver com o contrato inativo (ou seja, não está trabalhando nem recebendo salário no momento) também terá direito ao auxÃlio. São garçons, atendentes, entre outros trabalhadores que atuam sob demanda, mas estão com dificuldades de encontrar trabalho neste momento.
O trabalho intermitente é uma modalidade de contrato criada na última reforma trabalhista. Um empregado pode ter vários contratos intermitentes e atuar conforme a demanda do estabelecimento. Quando não há necessidade de trabalho, o contrato fica "inativo".
Para ter direito ao auxÃlio emergencial, a renda por pessoa tem de ser de até R$ 552,50
O auxÃlio emergencial será operacionalizado pelos bancos públicos. Poderão solicitar o benefÃcio maiores de 18 anos que não tenham emprego formal, nem recebam benefÃcio previdenciário (aposentadoria ou pensão), assistencial (como BPC), seguro-desemprego ou sejam contemplados por programa federal de transferência de renda - a única exceção será o Bolsa FamÃlia.
Os beneficiários também precisam tem renda mensal per capita de até meio salário mÃnimo (R$ 552,50) ou a renda familiar mensal total de até três salários mÃnimos (R$ 3.135); no ano de 2018, não podem ter recebido rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 e precisam ser microempreendedor individual (MEI), contribuinte autônomo da Previdência ou cadastrado no CadÚnico até 20 de março. Também será possÃvel preencher uma autodeclaração a ser disponibilizada pelo governo.
No caso de beneficiários do Bolsa FamÃlia, dois membros da mesma famÃlia poderão acumular com o auxÃlio emergencial, que vai substituir o Bolsa temporariamente caso o valor seja mais vantajoso.
R$ 1.045 para quem espera auxÃlio-doença
O projeto também inclui a proposta do governo de antecipação de um salário mÃnimo (R$ 1.045) a quem aguarda perÃcia médica para o recebimento de auxÃlio-doença, mediante apresentação de um atestado médico. O projeto ainda traz a dispensa à s empresas do pagamento dos primeiros 15 dias de afastamento do trabalhador devido ao novo coronavÃrus. De acordo com o texto, as companhias poderão deixar de recolher o valor devido ao INSS, até o limite do teto do regime geral (R$ 6.101,06).
Acesso ao BPC passa a ser renda de meio salário mÃnimo em 2021
Apesar de o auxÃlio ter apoio do governo, o projeto restabelece o acesso ao BPC à s famÃlias com renda de até R$ 261,25 por pessoa (um quarto do salário mÃnimo) apenas para 2020. A contragosto da equipe econômica, a medida prevê nova elevação desse limite a R$ 522,50 por pessoa (meio salário mÃnimo) a partir do ano que vem.
O governo é contra essa mudança no critério do BPC, que traria um gasto adicional de ao menos R$ 20,5 bilhões no ano que vem. A despesa permaneceria nos anos seguintes. Um custo desse porte pode inviabilizar o teto de gastos, mecanismo que limita o avanço das despesas à inflação.
O Congresso já havia tentado implementar esse limite mais amplo - que na prática aumenta o número de famÃlias atendidas pela polÃtica - ao derrubar um veto do presidente Jair Bolsonaro. Como a mudança valeria para este ano, o Tribunal de Contas da União (TCU) condicionou a eficácia da medida a compensações, como cortes de outras despesas. Essa ação da corte de contas deflagrou a nova negociação do projeto no Congresso.
Twitter
Por meio de uma postagem no Twitter minutos depois da aprovação da proposta no plenário virtual do Senado, Alcolumbre pediu ao presidente Jair Bolsonaro "a sanção imediata do projeto de lei que garante auxÃlio de R$ 600 aos trabalhadores autônomos".
O vice-presidente da Casa, Antonio Anastasia (PSD-MG), inclusive antecipou a conclusão da votação para acelerar o trâmite de envio da mensagem de aprovação à Presidência da República, justamente para agilizar o processo.
"Em nome dos brasileiros que passam dificuldades financeiras neste momento de pandemia da covid-19, solicito ao presidente da República, Jair Bolsonaro, a sanção imediata do projeto de lei,que garante auxÃlio de R$ 600 aos trabalhadores autônomos, aprovado há pouco pelo Senado Federal", escreveu Alcolumbre.
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