Correio Braziliense
postado em 02/04/2020 04:04
O dólar comercial voltou a renovar a máxima histórica ontem. A moeda americana fechou o dia em alta de 1,29%, sendo vendido a R$ 5,261. Ao longo do dia, chegou a bater em R$ 5,27. Apenas em 2020, teve valorização de 31,11%. Já o Ibovespa fechou a quarta-feira com uma queda de 2,81%, com 70.966 pontos, influenciado pelo clima de pessimismo diante da pandemia do novo coronavírus. Foi o menor índice desde 23 de março, quando chegou a 66 mil pontos.Nos Estados Unidos, os resultados não foram muito diferentes. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, encerrou o dia com queda de 4,44%. A Bolsa de Xangai teve leve queda, com 0,57%. A Euronext, maior Bolsa de Valores da Europa, registrou queda de 3,53%.
Segundo Renan Silva, economista da BlueMetrix Ativos, o tom do mercado será dado pela quarentena. Os investidores, segundo ele, enxergam com pessimismo a prorrogação do período de isolamento. “Nós tivemos uma primeira fase em que os mercados estavam tomando conhecimento da gravidade do coronavírus. Na fase em que estamos agora, o tom será dado pela quarentena. Se começar a ter extensão das quarentenas, a economia deve piorar, sofrer de forma mais severa. E as autoridades estão indo nessa linha. O que a gente está vendo no mercado é um reflexo disso”, explicou.
Ele salienta que a o otimismo só deve voltar quando notícias positivas sobre o novo coronavírus começarem a aparecer. Já o câmbio deve permanecer inflacionado, “porque ele segue o tom da conjuntura”.
“Em relação ao mercado, não vai ter uma melhora contínua. Só recuperação parcial até ter o domínio do surto”, observou.
Desdobramentos
Para Marcos Ross, economista sênior da XP Investimentos, a evolução da pandemia do coronavírus nos Estados Unidos e as afirmações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) indicando que o país está sentindo o golpe, fortalecem o movimento de busca por segurança. Ontem, mais um dirigente veio a público para fazer previsões negativas: o presidente da distrital de Boston, Eric Rosengren, previu que a economia americana deve ter dois trimestres de contração, devido aos impactos da pandemia. Segundo ele, a recessão é certa, mas o efeito de longo prazo da crise vai depender de como as autoridades e a população lidam agora com a questão de saúde.
“Com a maior economia do mundo sucumbindo, a percepção que se tem é a de que a recessão global pode ser muito forte mesmo”, disse Ross, que acrescenta a esse cenário a retração dos preços das commodities.
Para Alexandre Almeida, economista da CM Capital Markets, a tendência para os próximos cinco dias é aumentar a aversão ao risco e a busca por proteção, sendo o dólar um atrator nesta fuga. Almeida, que também coloca nesta conta a desarmonia doméstica entre os poderes como elemento de aumento da incerteza. Segundo ele, é importante notar que a crise causada pelo coronavírus uniu situação e oposição na europa inteira e é preciso que isso ocorra no Brasil, pois ainda existe um conflito entre estados, Executivo, Legislativo e Judiciário.
* Estagiário sob supervisão de Fabio Grecchi
1,29% de alta
foi a valorização da moeda americana, que ao longo do dia chegou a bater em R$ 5,27. Segundo especialistas, pandemia é que vem dando o tom no mercado financeiro
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