Correio Braziliense
postado em 02/04/2020 04:04
Empresários à beira de um ataque de nervosOs empresários começaram a reclamar da demora do governo em colocar em prática as medidas de combate ao coronavírus. Enquanto nos Estados Unidos o dinheiro liberado por Donald Trump já chegou a patrões e trabalhadores, no Brasil nota-se certa hesitação do time liderado pelo ministro Paulo Guedes em fazer os recursos alcançarem rapidamente o caixa das empresas e o bolso das pessoas. “Até na Argentina o governo tem sido mais ágil”, reclama o fundador de uma grande rede de franquias. “Não quero demitir ninguém, mas não vou conseguir se o governo ficar parado do jeito que está.” Os empresários também demonstram desconforto com a falta de articulação entre os poderes. “Não existe diálogo neste país, o que é uma coisa absurda”, escreveu em um grupo de WhatsApp o presidente de uma montadora. Ele prosseguiu: “No Brasil, tudo parece ser mais complicado. A saída é simples: o governo precisa liberar tudo – e rapidamente. Estamos em guerra.”
BRF e Renner não vão demitir
A crise é feia, mas algumas empresas dão bons exemplos. Ontem, o presidente da BRF, Lorival Luz, afirmou que irá preservar todos os empregos da companhia. “Esperamos que tenhamos passado da fase mais crítica da doença até maio”, disse o executivo. Também nesta semana, a Lojas Renner informou a decisão de não demitir, por tempo indeterminado, colaboradores sem justa casa – mesmo com todas as suas lojas no Brasil, Argentina e Uruguai fechadas.
Os bancos estão segurando empréstimos?
Micros e pequenos empresários relatam que estão enfrentando dificuldades para conseguir dinheiro emprestado nos bancos. Na maioria das vezes, as instituições simplesmente dizem ‘não’. Isso é grave. O governo brasileiro, afinal, irrigou o sistema com dezenas de bilhões de reais e não faz sentido os bancos segurarem os recursos em plena crise do coronavírus. Não será a primeira vez. Durante a hiperinflação, nos anos 80, era quase impossível conseguir empréstimos nas casas financeiras.
Para maioria dos brasileiros, coronavírus não é “gripezinha”
A Pesquisa FSB/BTG Pactual consultou, entre 26 e 27 de março, 2.132 brasileiros a respeito da pandemia do novo coronavírus. O resultado mostra que a população não acha que a doença é apenas uma “gripezinha”, como disse o presidente Jair Bolsonaro. Segundo o estudo, 66% consideram a doença grave ou muito grave. Outros 20% avaliam como mais ou menos grave e apenas 14% como pouco grave ou nada grave. O medo em relação à pandemia é grande ou muito grande para 64% dos entrevistados.
"A crise talvez seja uma oportunidade civilizatória”
Antônio Delfim Netto
50,4%
foi quanto caiu, em dólar, a Bolsa brasileira no primeiro trimestre de 2020. É o pior desempenho do mundo. Depois do Brasil, as maiores quedas foram da Bolsa da Namíbia (45,9%) e Argentina (45,6%).
Rapidinhas
- A montadora sul-coreana Hyundai vai colocar mil carros da frota de test-drive de suas concessionárias no Brasil à disposição de pessoas com mais de 60 anos, médicos e profissionais de saúde em geral. O programa deve durar até 15 de abril, mas poderá ser estendido se o coronavírus continuar avançando.
- As vendas da Páscoa, um dos eventos mais importantes do comércio, estão ameaçadas. Segundo relatórios preliminares das empresas de chocolates, a procura nos supermercados por ovos e produtos típicos da data tem decepcionado. A nova preocupação é o Dia das Mães, que só perde em faturamento para o Natal e a Black Friday.
- O Sírio-Libanês assinou um convênio com o Ministério da Saúde e se tornou o único dos grandes hospitais do setor privado a compor o grupo de enfrentamento da Covid-19 do governo federal. Segundo os líderes do projeto, o Sírio foi escolhido por sua experiência em ações ligadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).
- A startup americana Kinsa Health diz que o lockdown está reduzindo o contágio do coronavírus nos Estados Unidos. A empresa desenvolveu um termômetro conectado à internet que é capaz de medir o número de pessoas com febre. Segundo seus registros, o total de americanos febris caiu drasticamente nos últimos dias. A Kinsa tem um milhão de termômetros instalados.
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