Economia

Governo pede que os brasileiros honrem contratos e paguem contas

O pedido foi apresentado pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que participou de live promovida pela XP Investimentos na noite deste sábado

Correio Braziliense
postado em 04/04/2020 21:07
Presidente do Banco Central, Roberto Campos NetoA equipe econômica do governo de Jair Bolsonaro pediu neste sábado (04/04) que as empresas e os consumidores brasileiros não aproveitem o momento econômico atípico, causado pela pandemia do novo coronavírus, para estimular a "cultura do calote".

O pedido foi apresentado pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que participou de live promovida pela XP Investimentos na noite deste sábado, e também pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que, mais cedo, participou de uma conferência com entidades empresariais do varejo.

"Uma preocupação que todos nós deveríamos ter é com esse tema que estamos vendo da quebra de contrato. [...] Entrarmos num regime de quebra de contrato vai ser muito danoso para a economia brasileira no médio e longo prazo. É muito danosa essa percepção de que, porque eu tenho um ambiente extraordinário, não vou honrar o contrato que fiz anteriormente, porque se levarmos isso ao limite temos um colapso do sistema", disse Roberto Campos Neto, dizendo que é importante para a economia que as pessoas continuem pagando contas como o aluguel e a energia se puderem.

"Se estamos pedindo refeição por aplicativo, usando telefonia, telecomunicações, vamos manter os pagamentos em dia para não destruir os serviços que estamos usando. Se estamos usando luz, vamos pagar as contas de luz para não sofrer lá na frente descontinuidade", disse, mais cedo, o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Guedes argumentou que é preciso manter a economia oxigenada, mesmo nessa situação, para que ela possa retomar suas atividades normais no fim desse período de isolamento social e desaceleração econômica. "Mantenham a economia hibernando. Não deixem o organismo colapsar", disse. Afinal, como lembrou Campos Neto, essa crise é até mais grave que a de 2008, por conta do impacto abrupto que provocou no setor de serviços, que representa 63% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.

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"Se for imaginar qual é o efeito colateral que nós queremos ter, preferimos ter até um fiscal um pouco pior para colocar dinheiro na mão das pessoas para que elas possam honrar seus contratos", chegou a dizer Campos Neto, fazendo referência às medidas que o governo vem anunciando para estimular a economia nesse momento, como o auxílio de R$ 600 que o governo vai pagar aos trabalhadores informais.


Congresso

 
O Congresso Nacional, por sua vez, vem avançando com medidas que parecem caminhar no sentido contrário, flexibilizando alguns contratos para garantir que os brasileiros não saiam dessa crise na inadimplência. Nesta semana, por exemplo, foi aprovado um projeto que impediu o despejo de quem deixar de pagar aluguel nesse momento. E já há projetos na casa propondo a isenção da conta de luz.

Por isso, o ministro da Economia pediu que os parlamentares tenham certo limite ao conceder esses benefícios e não caiam no "ativismo regulatório". Guedes ainda revelou que está conversando com o Congresso para alertar sobre a necessidade de às vezes "resistir à tentação de fazer um pequeno conserto que, na verdade, vai destruir o futuro". Guedes, por sinal, participa de conferência com a bancada do MDB na Câmara nesta noite.

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