A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) informou que o alerta da Covid-19 impulsionou as vendas do setor entre 14 e 21 de março, período em que o número de clientes ficou acima da média. “A maioria aumentou as compras com o objetivo de estocar comidas para ficar mais tempo em casa”, afirmou o presidente da Associação, João Sanzovo Neto. A movimentação nos supermercados tem se normalizado aos poucos. A Abras enfatizou que trabalha para manter as mais de 90 mil lojas abastecidas: “A cadeia produtiva é bastante extensa. Desde o produtor até as gôndolas, todos estão trabalhando normalmente. A logística segue em pleno funcionamento”, disse Sanzovo.
Com exceção dos produtos relacionados ao combate da Covid-19, como álcool gel e máscaras, as mercadorias chegam diariamente às lojas do setor. A dona de casa Gleuicia Veleci, 54 anos, moradora de Sobradinho, não sentiu falta de nenhum produto no mercado. Em compensação, a maior higienização do local e o aumento no preço dos produtos após a chegada da pandemia chamaram a atenção da consumidora.
Apesar das observações dos brasilienses, o relatório da Abras aponta que, em fevereiro, as únicas regiões que apresentaram aumento da Cesta Abras Mercado foram o Nordeste (2,16%), onde o valor passou de R$ 438,10, registrados em janeiro, para R$ 447,55; e o Norte (0,13%), que registrou alta de R$ 550,44, ante R$ 549,72 apurados no mês anterior. A Região Centro-Oeste apresentou uma variação negativa (-1,48%), chegando ao valor de R$ 480,45.
O vice-presidente de assuntos comerciais da rede Big Box e Ultrabox do DF, Jorge Helou Filho, afirmou ainda em março ter percebido uma grande movimentação nas lojas, mas que a situação estava se normalizando. “Estava fora de qualquer expectativa”, ponderou. Gleucia evita sair de casa, obedecendo à orientação de manter distanciamento social. “Fiz uma compra grande antes de tudo isso. Agora, meu marido sai de vez em quando para complementar, sempre com máscara e luva”, conta.
Comércio no Rio
A partir de hoje, as fábricas do município do Rio de Janeiro deverão começar a funcionar antes das 6h. Já os estabelecimentos comerciais autorizados a funcionar durante o período de isolamento passarão a abrir depois das 9h, com algumas exceções. As regras foram determinadas ontem, por decreto assinado pelo prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos). O objetivo é impedir aglomerações no transporte público, para evitar o avanço do novo coronavírus na cidade. O decreto traz ressalvas quanto às atividades que tradicionalmente começam a funcionar antes das 9h, no caso do comércio. Padarias, farmácias, postos de combustíveis, lojas de conveniência (sem consumo dentro delas) e bancas de jornal poderão abrir antes das 9h.
Já as demais áreas do comércio autorizadas a funcionar no Rio deverão respeitar a determinação de abertura das portas a partir das 9h. São supermercados, hortifrútis, mercearias, açougues, aviários, peixarias, depósitos, distribuidoras e transportadoras, entre outros empreendimentos.
Bolsa oscila sob o efeito Mandetta
» RAFAELA GONÇALVES*
O mercado teve sessão de otimismo, reagindo à desaceleração de casos do novo coronavírus na Europa e às medidas anunciadas ontem pelo Banco Central para facilitar o crédito às empresas. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) terminou com alta de 6,52%, aos 74.072 pontos, com volume financeiro negociado de R$ 21,6 bilhões. A B3 acompanhou também o movimento favorável das bolsas no exterior. Nos Estados Unidos, o S&P 500, principal indicador de avaliação das ações do mercado norte-americano, avançou 7,03%. O Dow Jones, mais ligado ao setor industrial, avançou 7,73%. Na Europa a Bolsa de Valores de Paris teve ganhos de 4,61% e a de Londres, de 3,08%. No mercado de câmbio doméstico, o dólar comercial dólar recuou 0,65%, fechando na cotação de R$ 5,29.
A B3 chegou a subir mais de 8%, mas diminuiu ganhos com as especulações de que o presidente Jair Bolsonaro poderia exonerar o ministro da Saúde, Henrique Mandetta. O economista da BlueMetrix, Renan Silva, avaliou como o mercado observa o embate entre a saúde e a economia, principal motivo da divergência entre Bolsonaro e Mandetta. “Sabemos que o Mandetta está desalinhado com o que Bolsonaro desejaria, contudo tem fundamentos com base nas autoridades mundiais e em outros controles mais eficazes mundo afora. Ao mesmo tempo, o mercado também espera que as empresas tenham o menor impacto possível. Claro que a vida está em primeiro lugar, mas é preciso encontrar uma maneira de as empresas perderem menos receita e estancar o crescimento do desemprego”, afirmou.
* Estagiária sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.