Economia

Mansueto prevê rombo fiscal de até R$ 500 bilhões em 2020

Secretário do Tesouro afirma que déficit, que no ano passado foi de R$ 61 bilhões, é necessário e é preciso ''aceitar de forma adulta''

Correio Braziliense
postado em 07/04/2020 13:14
%u201CJuntando governo federal com estados e municípios, estamos caminhando para um buraco fiscal de R$ 450 bilhões a R$ 500 bilhões%u201D, diz MansuetoO secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse na manhã desta terça-feira (7/4) que o déficit primário do setor público deve chegar a R$ 500 bilhões em 2020. O número considera o rombo das contas públicas do governo federal, mas também dos estados e municípios. Valor se aproxima da estimativa do ministro da Economia, Paulo Guedes, que já disse que o déficit pode chegar a 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano. 

“Juntando governo federal com estados e municípios, estamos caminhando para um buraco fiscal de R$ 450 bilhões a R$ 500 bilhões”, disse Mansueto. Ele lembrou que o aumento do déficit, que no ano passado foi de R$ 61 bilhões, é justificado pelo aumento dos gastos emergenciais com saúde e assistência social, exigidos pela pandemia do coronavírus. Por isso, deve se limitar a este ano - ou seja, com despesas temporárias.

O economista explicou que o déficit é necessário, e que é preciso “aceitar de forma adulta”, frisando a necessidade de não se criar despesas permanentes - ou seja, nada que comprometa o orçamentos dos próximos anos, como realização de concursos públicos. As falas foram feitas durante seminário “E Agora, Brasil?”, encontro que está sendo feito virtual e que é organizado pelos jornais Valor e O Globo.

O governo tinha como meta de resultado primário para este ano um déficit de R$ 127 billhões. Porém, foi desobrigado a cumprir essa meta fiscal após aprovação do estado de calamidade pública, que liberou o aumento de gastos com o enfrentamento à pandemia da Covid-19. 

O Ministério da Economia já estima, por sinal, que as medidas emergenciais anunciadas nas últimas semanas terão um impacto fiscal de R$ 224,6 bilhões, ou seja, 2,97% do PIB. Porém, antes dessa fala de Mansueto, havia informado que o déficit estava estimado em R$ 419,2 bilhões, apesar de ainda poder crescer por conta do anúncio de novas medidas de combate ao coronavírus.

Apesar do déficit previsto, o secretário do Tesouro frisou que o grande desafio é garantir recursos para a Saúde, independentemente da questão fiscal. “Que todos tenham recurso para fazer o que for necessário para atender todas as pessoas em situação de necessidade”, disse. Mansueto afirmou que é preciso colocar como prioridade verba para a Saúde e para a população mais vulnerável.

Crise
Mansueto pontuou que os economistas ainda não têm uma ideia exata do tamanho dessa crise, tanto porque não sabem quanto tempo vai durar a pandemia, quanto porque não sabem qual será a velocidade de recuperação da economia brasileira depois disso. "É difícil saber se o crescimento vai ser 0%, -1%, -2%", pontuou.

Saiba Mais

Mas frisou que, "ainda bem que a gente entrou nessa crise depois de ter passado três ou quatro anos fazendo reforma". É que, para o secretário, o impacto negativo na economia seria muito maior caso o Brasil não tivesse feito reformas como a da Previdência e não tivesse tomado medidas como a redução dos subsídios fiscais.

"Quando tivemos a crise de 2002, 2008 e 2015... Em 2015, por exemplo, a taxa de juros estava acima de 14%. Agora, é 3,75%. Então, vamos sair da crise com a dívida maior? Vamos. Mas o custo dessa dívida está muito baixo. A Selic em 2003 era 23%", argumentou.

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