Correio Braziliense
postado em 07/04/2020 13:23
O novo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Todd Chapman, defende maior cooperação entre os dois países na área econômica como principal bandeira após o combate à pandemia de Covid-19, provocada pelo novo coronavírus. Ele assegurou que os dois países continuarão trabalhando em conjunto na área da saúde, "como no passado no combate ao Zika e ao HIV" e reforçou que uma das metas dele será trabalhar para duplicar a corrente comercial entre os dois países, "dentro de três a cinco anos".“Isso é factível. Vamos estabelecer metas altas e, para isso acontecer, temos que fazer acordos e chegar a elas”, prometeu o embaixador comparando que a corrente de comércio dos EUA com o México é de US$ 600 bilhões e, “com o Brasil, de US$ 100 bilhões” . “Esse é um momento de oportunidade na relação bilateral. Essa é hora para a aliança realmente crescer. Por isso, estou tão animado e honrado em ser embaixador no Brasil”, disse Chapman em entrevista a jornalistas por videoconferência realizada nesta terça-feira (07/04).
O embaixador considerou o protagonismo dos dois países no hemisfério das Américas com estratégico para parcerias comerciais, mas não precisou quando as conversas entre os dois governos para um acordo bilateral devem avançar. “Temos muito trabalho a fazer. Nossas economias podem fazer muito mais junto e esse é o momento de avançarmos na área econômica”, defendeu.
Apesar de Chapman citar US$ 100 bilhões de corrente de comércio bilateral, o fluxo bilateral foi bem menor do que ele mencionou. Conforme dados do Ministério da Economia, em 2019, soma das importações e exportações brasileiras para os EUA foi de US$ 59,8 bilhões, um aumento de 3,7% sobre o registrado no ano anterior. No primeiro trimestre de 2020, a corrente cresceu apenas 1,3% em comparação ao mesmo período do ano passado, para US$ 13,7 bilhões. As exportações brasileiras para os EUA escolheram 19,3% no mesmo período, somando US$ 5,2 bilhões de janeiro a março.
OCDE
Chapman destacou que uma das principais missões dele à frente da Embaixada norte-americana no Brasil será ajudar o país a se tornar membro pleno da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Contudo, ele reconheceu que o processo será demorado. “Nós apoiamos muito a candidatura do Brasil para OCDE. Trabalhei nisso em Washington e é bom para o país fazer parte disso no grupo que respeita as regras mais altas para condução da economia. É parte do nosso programa ajudar o Brasil ascender à OCDE”, afirmou. “Vai ser um processo longo e estaremos com Brasil nesse esforço”, acrescentou.
De acordo com o diplomata, bancos e fundos de investimentos têm muito interesse em investir no país e que além da área econômica e destacou que a segurança é outra prioridade.“Temos que enfatizar os temas econômicos. A área de segurança é a número dois. Vamos fazer tudo para realmente proteger o país dos inimigos”, afirmou.
O embaixador contou que passou a infância no Brasil, nos anos 1970, e tem boas lembranças do álbum de figurinha da Copa e de músicos brasileiros. Ele retornou no fim dos anos 1980 e em 2011 para trabalhar no país e demonstrou estar feliz em voltar e pronto para "arregaçar as mangas" e trabalhar.
Chapman apresentou credenciais diplomáticas ao presidente Jair Bolsonaro, ontem, no Palácio do Planalto. Segundo ele, a conversa foi muito positiva. “Estamos muito próximos ao governo. É uma grande alegria poder trabalhar com os representantes do Brasil e com o presidente Bolsonaro”, disse.
Bloqueio
Ao ser questionado sobre as denúncias de que os EUA estariam interceptando carregamento de equipamentos médicos da China para o Brasil para o combate da pandemia de Covid-19, Chapman negou esse tipo de informação. “O governo dos Estados Unidos não comprou nem bloqueou nenhum material ou equipamento médico da China destinado ao Brasil. Os relatórios encontrados são falsos e já investigamos”, disse.
Ele reforçou que, na semana passada, a Embaixada havia informado que a notícia era falsa. Contudo, ele afirmou que existe um jogo onde empresas estão vendendo para quem pagar mais.“Muitos investidores estão jogando, às vezes, e isso pode estar ocorrendo em todo mundo e nós estamos com nossos oficiais de Justiça para evitar sobrepreço sobre os produtos Isso não pode ser. É contra a lei norte-americana e estamos dedicados a proibir esse tipo de prática ilegal”, declarou.
Em relação às declarações do governo do Amazonas de que alguns carregamentos da 3M foram bloqueados pelos EUA, impedindo que a empresa enviasse equipamentos para o Brasil, Chapman voltou a afirmar que não existem bloqueios feitos pelo governo norte-americano. “Eu já fiz a declaração de que não estamos bloqueando essas coisas, mas isso não significa que tem governadores afirmando que não está passando. A informação que temos é que isso não está acontecendo. Mas tem muito fake news. Eu, com muito prazer, posso investigar”, disse o diplomata. “Estamos comprometidos a combater esse mal”, afirmou ele, acrescentando que a 3M “está trabalhando muito bem”.
Venezuela
O embaixador destacou que Brasil e Estados Unidos possuem “muita sintonia” para atuar em parceria na América Latina em relação à crise na Venezuela e reforçou a defesa de um governo de transição para que o país tenha eleições democráticas. “É importante trabalhamos juntos”, defendeu ele acrescentando que a Embaixada já contribuiu com US$ 31 milhões para ajudar o Brasil no atendimento de refugiados venezuelanos. “Vamos continuar com esse tipo de apoio específico”, garantiu.
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