Economia

Presidente do BC admite queda no PIB e aposta em reformas para retomada

Roberto Campos Neto ainda disse que as próximas duas semanas devem ser fundamentais para analisar o comportamento da Covid-19 no Brasil e o seu impacto na economia

Correio Braziliense
postado em 08/04/2020 12:17
Roberto Campos Neto ainda disse que as próximas duas semanas devem ser fundamentais para analisar o comportamento da Covid-19 no Brasil e o seu impacto na economiaO presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, admitiu nesta quarta-feira (08/04) que a economia brasileira pode ter um crescimento negativo neste ano - ou seja, um crescimento pior que a projeção oficial do governo, que estima um Produto Interno Bruto (PIB) de 0,02% em 2020. Porém, disse que a aprovação das reformas pode acelerar a retomada econômica brasileira, depois da pandemia do coronavírus. E, por isso, pediu que a crise seja transformada em uma oportunidade para as reformas.

Questionado sobre o impacto do coronavírus na economia brasileira em live promovida pelo Credit Suisse nesta quarta-feira, Campos Neto afirmou que ainda é muito difícil quantificar essa crise, porque "ninguém sabe muito bem como será a curva brasileira". Ele ainda disse que o impacto no PIB "depende muito de quanto tempo vai durar esse distanciamento social". Mas reconheceu que o mercado está certo ao prever um PIB negativo.

"Vai ter crescimento negativo. É quase certo isso", afirmou Campos Neto.

Ele ainda disse que as próximas duas semanas devem ser fundamentais para analisar o comportamento da Covid-19 no Brasil e o seu impacto na economia. Mas lembrou que já é grande o estrago no setor de serviços, que corresponde a 63% da economia brasileira e ajudou a puxar o PIB nos últimos anos. Testes setoriais do BC, realizados antes do fechamento do comércio, já indicavam que 37% dos serviços brasileiros seriam impactos fortemente pelas medidas de distanciamento social.
 
 

Reformas


Roberto Campos Neto acredita, por sua vez, que a aprovação de reformas econômicas pode contribuir e até acelerar a recuperação da economia brasileira depois desse momento de pandemia. "É o que vai determinar o

formato da nossa recuperação", afirmou, pedindo, então, que esse momento seja encarado como uma oportunidade de fazer reformas.

"Vamos transformar a crise em uma oportunidade de avançar com as reformas. Óbvio que entendemos que o momento agora é do pacote de crise. Mas a diferença de fazer reformas é o formato da recuperação. Podemos ter uma recuperação mais forte. Então, que a crise nos ajude a colocar dispotivios permamentes de melhora, mais sólidos", afirmou.

Saiba Mais

Como tem feito o governo, o presidente do BC argumentou que é preciso deixar claro para o mercado que o aumento de gastos provocado pelo coronavírus vai impactar o quadro fiscal brasileiro de forma isolada neste ano. "É importante todos acreditarem que estamos saindo dos trilhos por um fator externo muito grande, mas que tudo está sendo feito para voltarmos a caminhar nos trilhos", afirmou.

Na visão do governo, as reformas podem ajudar nesse sentido, pois retomam o caminho fiscal que estava sendo desenhado antes da Covid-19 e podem contribuir com a rearrumação do quadro fiscal nos próximos anos. "É a diferença de como vai ser a nossa volta", reforçou Campos Neto, frisando que o Congresso Nacional parece disposto a avançar com essa agenda. "Há ruido porque é uma democracia. Mas a conversa com os parlamentares tem sido boa. [...] O Congresso tem ajudado e tem sido reformista", concluiu.

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