Economia

Com contas atrasadas, informais dependem de auxílio emergencial do governo

Os pagamentos começaram nesta quinta (9/4)

Correio Braziliense
postado em 10/04/2020 00:04
A maquiadora e designer de sobrancelhas Daniella Frazão, 23 anos, também não precisou deixar de pagar nenhuma conta, porque tinha guardado dinheiro. Mas, agora, diz depender do auxílioMais de 2,5 milhões de trabalhadores informais se cadastraram no aplicativo da Caixa, nesta quarta-feira (8/4), para receber o auxílio emergencial de R$ 600 que será concedido pelo governo durante a pandemia de coronavírus. Os registros serão avaliados em até cinco dias úteis e podem ser negados, caso a pessoa não atenda a todas as exigências.

Os pagamentos começaram nesta quinta (9/4), mas só para quem está no Cadastro Único para programas sociais, não é beneficiário do Bolsa Família e não tem conta na Caixa nem no Banco do Brasil. Outros grupos, inclusive os que se cadastram pelo aplicativo, só vão receber na semana que vem, na terça-feira (14/4). Os beneficiários do Bolsa Família recebem a partir de quinta-feira (16/4).

Luhana Santos, 19 anos, que trabalhava informalmente como babá, se registrou logo que o aplicativo e o site começaram a funcionar, na quarta-feira. Em época de isolamento social, nenhum conhecido busca serviço. Como preenche os requisitos de idade e de renda, ela diz que só espera o dinheiro cair na conta, para pagar contas.

A jovem também pretende ajudar no pagamento do aluguel da loja dos pais, comerciantes, que precisaram fechar a loja onde trabalham. “Estão tentando negociar com o proprietário. Por enquanto, estamos pagando as contas mais urgentes, como luz e água. Mas não tem nenhuma atrasada ainda”, conta.

Por enquanto, a maquiadora e designer de sobrancelhas Daniella Frazão, 23 anos, também não precisou deixar de pagar nenhuma conta, porque tinha guardado dinheiro. Mas, agora, diz depender do auxílio. “O valor que eu tinha serviu para pagar o que era mais necessário, como luz, água e comida. Deixei o resto para depois. Quando surgiu o auxílio, foi uma luz. Estou torcendo muito para que dê certo”, afirmou.

Registrada como Microempreendedora Individual (MEI), Daniella trabalha em um estúdio próprio, em casa, e ficou desesperada ao ter que paralisar as atividades. “Perdi minha fonte de renda quando as clientes começaram a desmarcar e eu, como profissional, também tinha que acatar a decisão”, lamenta.

Assim que receber, Daniella já pretende fazer um planejamento financeiro para não gastar tudo de cara. “Pretendo usar de 30% a 40% do valor e guardar o restante. A gente não sabe até quando vai durar essa situação. Pode demorar até voltarmos à rotina”, disse. “Consegui fazer o cadastro sem problemas. Aparece, no aplicativo, que o pedido está em análise.”

Cristiane Ramos, de 26 anos, trabalha em uma agência de publicidade que já estava passando por uma crise, que se agravou com o coronavírus. “Tudo estava muito incerto. Eu tinha sido recém admitida nesse emprego novo e começaram a demitir algumas pessoas. Eu não fui uma delas, mas, com a pandemia, alguns clientes começaram a sair”, disse.

A situação, segundo Cristiane, “foi ficando mais complicada”. Diante do quadro, os funcionários passaram a trabalhar em home office e todos tiveram o salário cortado pela metade. “Fiquei muito nervosa com a situação. Já passei a fazer cortes, comprar só o essencial para a minha casa. Eu moro de aluguel, tenho um filho e somos só nós dois. Passamos a economizar água e luz”, conta.

Cristine enfrentou problemas para fazer o cadastro e ainda não tem certeza de que irá receber, mas já conta com o dinheiro para manter as contas da casa em dia. “Foi muito complicado me cadastrar. Eu era pensionista do meu pai falecido até 2017. Quando tentava realizar o cadastro, dava erro no aplicativo. Eu fiquei desesperada, com medo de não conseguir, mas depois que a Receita pediu para tentar de novo eu consegui, e meu pedido agora está em análise”, afirmou.

A manicure Maria Daniela da Silva, de 28 anos, também conta com o auxílio já para pagar as contas essenciais. O marido, que também é autônomo, está na mesma situação e ambos aguardam a confirmação para receber o benefício. “Não sou fichada e pago aluguel. Meu marido instala ar-condicionado e foi também perdeu trabalho”, conta. A prioridade vai ser comprar comida para eles e para os dois filhos. “O resto a gente tenta negociar.”

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