Correio Braziliense
postado em 11/04/2020 06:00
O ministro-conselheiro Qu Yuhui, porta-voz da Embaixada da China no Brasil, destacou que a cooperação entre Brasil e China continuará sólida, tanto no combate ao vírus quanto no estreitamento de relações comerciais. Ele afirmou que as declarações xenófobas do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do ministro da Educação, Abraham Weintraub, não prejudicam a relação entre os dois países. Mas deixou clara a contrariedade chinesa. “Continuamos a achar que os comentários feito por figuras públicas do alto escalão são lamentáveis e irresponsáveis. Até hoje não sabemos se fizeram isso por ignorância ou outras intenção que não conhecemos. Como figuras públicas, devem ter uma noção do peso da responsabilidade nas suas costas”, advertiu.O diplomata chinês comentou a polêmica sobre 600 respiradores comprados por governadores do Nordeste, mas que não chegaram ao país. “Não houve nenhuma quebra de contrato. Quem fez a compra foi uma empresa de comércio sediada em Los Angeles e Miami, e houve problema na alfândega. Não sei qual o pretexto para reter a mercadoria, que foi revendida pelos Estados Unidos. Não foi o fornecedor da China que redistribuiu a mercadoria”, afirmou o porta-voz.
A embaixada norte-americana no Brasil repudiu as acusações. “O governo dos Estados Unidos não comprou nem bloqueou nenhum material ou equipamento médico da China destinado ao #Brasil. Relatórios em contrário são completamente falsos”, postou a representação na semana passada.
Oministro-conselheiro Qu Yuhui explicou que a China detém um quinto da produção mundial dos equipamentos, está sofrendo uma pressão 10 vezes maior para vender o material e, ao mesmo tempo, enfrenta a carência de insumos para a fabricação, pois países dos Estados Unidos e União Europeia bloquearam a importação desses produtos.
“Estamos aumentando nossa produção de equipamentos de proteção individual e insumos para ajudar outros países. No início de março exportamos 3,8 bilhões de máscaras para 50 países, 36 milhões de jaquetas de proteção, 16 mil respiradores e 3 milhões de testes. Com o Brasil, estamos fazendo intensivo trabalho para que a colaboração bilateral seja efetiva e eficiente”, garantiu.
Qu Yuhui compartilhou parte da experiência da China no combate ao vírus. “Devemos estar preparados para o pior para conseguir o melhor. Estamos diante de uma doença perigosa, desconhecida, e talvez conheçamos somente 10% dessa doença. Cuidado nunca é demais”, afirmou.
Sem fazer referência direta a governadores, o porta-voz também alertou para o risco de afrouxar o isolamento social. “O governo tem que adotar medidas amplas e sistemáticas. Não é decretar quarentena ou não, mas lançar outras medidas complementares, para garantir a vida normal das pessoas, compatibilizar o trabalho de controle de pandemia com a manutenção ao nível mínimo das operações econômicas e comerciais. Não estou falando que a China fez um trabalho perfeito. Cada governo comete erros. Mas, o que sabemos, é que o governo tem que pensar de forma abrangente, tomar medidas e reduzir os impactos do coronavírus. E a população tem muito o que contribuir: respeitar, ter bom senso e disciplina. Não adianta 90% fazerem quarenta e 10% não. Isso vai arruinar o esforço de 90%. Um senso de sacrifício é essencial”, avaliou.
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