Economia

"Há um esforço para não elevar juros", diz presidente da Febraban

Isaac Sidney garantiu que os bancos estão se esforçando para não aumentar as taxas que são cobradas das famílias e das pequenas e médias empresas brasileiras

Correio Braziliense
postado em 13/04/2020 16:50
Isaac Sidney garantiu que os bancos estão se esforçando para não aumentar as taxas que são cobradas das famílias e das pequenas e médias empresas brasileirasO presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, afirmou nesta segunda-feira (13) que o atual cenário econômico propicia a elevação dos juros. Mas garantiu que, mesmo assim, os bancos estão se esforçando para não aumentar as taxas que são cobradas das famílias e das pequenas e médias empresas brasileiras. A exceção, segundo ele, é para as grandes empresas.

"A concessão do crédito envolve a análise de risco de crédito e o risco de inadimplência. E a crise [do coronavírus] trouxe impactos relevantes nos principais ativos globais. O risco Brasil cresceu 300 pontos, o Real se depreciou cerca de 30%, a Bolsa caiu cerca de 40%. E tudo isso tem impacto na curva longa de juros", disse Isaac Sidney, ressaltando que também houve um aumento no custo de captação, no risco de crédito e no risco de inadimplência. "Tínhamos um estoque de R$ 3,5 trilhões de créditos concedidos. O risco desse crédito no pós-crise é outro. Precisamos equilibrar o risco. Mas os bancos estão empenhados em manter as taxas de juros", assegurou.

Sidney garantiu, então, que há um "esforço para as pessoas físicas, as pequenas e médias empresas terem suas taxas mantidas". "Apesar disso, no varejo e na pessoa física, no crédito pessoal, no crédito imobiliário, no redesconto e no capital de giro, as taxas de juros se mantiveram estáveis", frisou. 

Ele disse ainda que, desde o início da pandemia do novo coronavírus, os bancos já renegociaram mais de R$ 130 bilhões em operações de crédito no Brasil. E garantiu que essas renegociações, oferecidas sobretudo às famílias e às pequenas empresas, têm sido feitas sem aumento de juros. "Nessas renegociações, as taxas de juros foram mantidas para pessoas físicas, micro e pequenas empresas nos mesmos níveis das contratações a isso. Os bancos estão sensíveis a isso", afirmou.


Grandes empresas


O presidente da Febraban admitiu, contudo, que o cenário é diferente quando se trata das grandes empresas. "Vamos separar a relação com as grandes empresas", ponderou, quando foi questionado sobre o assunto em uma live promovida pela Necton Investimentos nesta segunda-feira (13).

Ele explicou que, antes da crise da Covid-19, as grandes empresas estavam se financiando no mercado de capitais, por meio de títulos de dívida e ações. E lembrou que esses papéis tiveram seus valores reduzidos por conta da aversão ao risco que tomou conta do mercado financeiro na pandemia do novo coronavírus, o que levou as grandes empresas a voltarem a procurar os bancos para se financiarem.

Saiba Mais

"As empresas procuraram liquidez nos bancos. São valores vultosos que têm um impacto relevante na liquidez do setor bancário. Aí sim tem havido variação na taxa de juros, por conta do custo de captação que se alterou", admitiu.

Sidney lembrou, por sua vez, que essa variação pode variar, já que "cada banco tem sua política própria de crédito". E disse que, para que os bancos continuem com condições de manter os juros que são cobrados às famílias brasileiras nos patamares atuais, é preciso manter os fundamentos da economia brasileira. "Não pode quebrar contrato ou aumentar o risco jurídico", pontuou, destacando que os bancos também consideram importante que o Congresso não avance com as propostas que tentam elevar a carga tributária do setor financeiro.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags