Economia

Itaú e IFI: tombo de 5,2% no PIB

Correio Braziliense
postado em 14/04/2020 04:05


Após ver uma série de alterações de previsões sobre o crescimento da economia neste ano, o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, admite que está prevendo queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,5% a 5%, neste ano. Bracher contou que, “dentro de um universo razoável” dos modelos montados pela equipe chefiada pelo economista-chefe do banco, Mario Mesquita, “as probabilidades para o PIB variam de um crescimento de 0,5% até um tombo de 6,4% neste ano”. “Acho que vamos ver é uma queda da metade para cima, de 3,5% até 5%”, afirmou o executivo.

Bracher reconheceu a dificuldade de fazer projeções no momento atual, porque elas mudam com muita velocidade diante do avanço da pandemia de Covid-19. Segundo ele, algumas variáveis importantes precisam ser levadas na hora de medir o tamanho da queda e a capacidade de retomada da economia, como a duração do distanciamento social, a velocidade da retomada e o volume de recursos investidos pelo governo para atenuar os impactos dessa crise.

A previsão de Bracher é mais pessimista do que a mediana das previsões do mercado, que estima queda de 1,96% — a nona redução consecutiva, conforme relatório divulgado ontem pelo Banco Central. Na semana passada, a projeção era de 1,18%. Contudo, a estimativa do executivo está mais em linha com a do Banco Mundial (Bird), por exemplo, que revisou suas estimativas e anunciou ontem que prevê recuo de 5% no PIB brasileiro. De acordo com a instituição o PIB na América Latina deverá encolher 4,6% (excluindo a Venezuela), em 2020, devendo se recuperar em 2021, com avanço de 2,6%. O Bird prevê uma retomada mais lenta do Brasil em no ano que vem, de 1,5%.

Bracher comentou esses dados durante a apresentação de uma doação de R$ 1 bilhão para o combate à Covid-19. Os recursos serão administrados por um grupo de especialistas liderado pelo médico Paulo Chapchap, diretor-geral do Hospital Sírio Libanês.

Contas públicas
Com a piora da atividade econômica em função da pandemia da Covid-19, a Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado, revisou as previsões do PIB deste ano e prevê queda de até 5,2% no PIB de 2020, no cenário pessimista. A nova projeção estima a retomada da atividade apenas a partir do fim de agosto, no pior dos cenários. Se a recuperação da atividade econômica ocorrer a partir de junho, a expectativa de queda do PIB passa a ser de 2,2%, conforme as projeções do cenário base. Os dados fazem parte do Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de abril. A previsão anterior, feita oficialmente em novembro de 2019, era de uma expansão de 2,2% no PIB deste ano.

Com as novas estimativas, a IFI ressaltou a expectativa de agravamento nas contas públicas, em particular com o déficit primário do governo central (que inclui Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social) nos próximos 10 anos, tanto no cenário base quanto no pessimista. Nessas previsões, a estabilização da dívida pública nesses dois cenários está descartada.

Pela projeção do cenário base, a dívida pública bruta continuará crescendo a partir deste ano, passando de 84,9% do PIB, neste ano, para 100,2% do PIB, em 2030. Já na estimativa pessimista, a dívida bruta passaria de 88,5% do PIB, neste ano, para 138,5% do PIB, em 2030. “No cenário base, há uma possibilidade de estabilização após 2030. Mas, no pessimista, a trajetória evidente de crescimento ininterrupto”, alertou Felipe Salto, diretor executivo da IFI, em entrevista ao Blog do Vicente.

Levando em conta as premissas do cenário base, a IFI prevê uma queda de R$ 151,3 bilhões na receita deste ano em relação a 2019. Pelas novas estimativas, o deficit primário do governo central seria de R$ 514,6 bilhões, o equivalente a 7% do PIB, considerando o valor nominal de R$ 7,3 trilhões para este ano. Pelas projeções da instituição, o rombo passaria para 2,8% do PIB, em 2021, ou seja, R$ 205 bilhões a R$ 210 bilhões, considerando o PIB nominal entre R$ 7,3 trilhões e R$ 7,5 trilhões.

As previsões da IFI para o PIB estão mais pessimistas do que as da agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P), que estima queda de 0,7% do PIB. Contudo, as duas instituições têm estimativas semelhantes sobre o rombo nas contas do governo central. A S&P prevê deficit primário de 7,1% do PIB, neste ano, com a dívida pública bruta chegando a 85,3% do PIB.

Amanhã, a equipe econômica deve enviar ao Congresso o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), com piora no resultado primário deste ano e no próximo. Especialistas veem como certo o estouro do teto de gastos a partir de 2021. Haverá uma piora nas contas públicas, devido à queda na arrecadação e ao aumento dos gastos fiscais para conter os efeitos da pandemia.



“As probabilidades para o PIB variam de um crescimento de 0,5% até um tombo de 6,4% neste ano. Acho que vamos ver é uma queda da metade para cima, de 3,5% até 5%”
Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco



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