Economia

Menor aversão a risco no exterior permite alta da Bolsa

Correio Braziliense
postado em 14/04/2020 11:16
A redução da aversão ao risco no exterior impulsiona o Ibovespa nesta terça-feira. A Bolsa avança perto dos 81 mil pontos (subia 2,49%, aos 80.802,30 pontos, às 10h43). A valorização é generalizada na carteira do principal índice à vista da B3, refletindo dados comerciais chineses melhores que o esperado. O clima menos adverso lá fora também tem como pano de fundo a preparação por parte de alguns países para reversão de medidas de restrição adotadas para combater o novo coronavírus. As bolsas norte-americanas sobem acima de 2,5%, enquanto na Europa os ganhos são um pouco mais comedidos, com apenas Londres cedendo (-0,87%).Isso porque o Reino Unido ainda deve estender o prazo de isolamento social para atenuar os impactos da pandemia. Nem mesmo a queda do petróleo no mercado internacional, na faixa de 3,75% a 2,10%, impede avanço das ações da Petrobras (acima de 1,50%). As da Vale sobem mais de 2%, enquanto as siderúrgicas têm ganhos maiores: Usiminas (4,88%) e CSN (2,59%). Porém, segue no radar do investidor a derrota do governo no Congresso em relação ao projeto que estabelece auxílio financeiro a Estados e municípios durante o novo coronavírus e que deve intensificar mais as preocupações com as contas públicas do País. A disputa continua tanto em relação ao tratamento a ser dado a Estados e Municípios, com o "sucedâneo" do plano Mansueto, como em relação à "PEC do orçamento de guerra", que inclui a ampliação do poder de fogo do Banco Central para atuar de modo semelhante a seus pares: comprar e vender títulos públicos e privados no mercado secundário, cita o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, em nota. O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachida, afirmou hoje ser fundamental mandar recursos a Estados e municípios, mas da maneira correta. Em evento virtual da XP Investimentos, disse que há partes que 'não concordamos' em projeto de ajuda a esses entes. Já o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse há pouco, em live promovida pelo jornal O Estado de S. Paulo, que o coronavírus está sendo politizado no Brasil e que isso é fruto da própria polarização que impera no País. Apesar de destacar o bom trabalho do Ministério da Saúde no combate ao novo coronavírus, Mourão disse que o titular da pasta, Luiz Henrique Mandetta, cruzou a linha da bola, usando um jargão futebolístico, ao argumentar que o ministro não precisava ter dito certas coisas na entrevista que concedeu neste domingo ao Fantástico, da Rede Globo. Na noite de ontem, a Câmara aprovou, por 431 votos a 70, o projeto que estabelece auxílio financeiro a Estados e municípios durante a pandemia, após dias de discussões. O projeto deve ter impacto de R$ 89,6 bilhões. Além da recomposição da perda dos impostos, o texto também suspende dívidas com BNDES e Caixa. Não há contrapartida dos Estados e municípios. Já a votação da PEC do Senado, que seria ontem, foi transferida para amanhã. "Não tem como esse impasse não atrapalhar, gera alguma cautela", cita uma fonte, ponderando, que, apesar disso, o sinal positivo das bolsas internacionais é que prevalece e impulsiona o Ibovespa nesta manhã. "O minério de ferro no porto de Qingdao, na China, subiu 1,66%, e os ETF EWZ brasileiro avança forte em Nova York", diz. As exportações e importações da China continuaram a cair em março, mas a um ritmo mais lento à medida que a atividade econômica do país começou a se recuperar das medidas adotadas para evitar a propagação ainda maior do novo coronavírus. O superávit comercial geral do país chegou a US$ 19,9 bilhões em março, comparado com um déficit de US$ 7,09 bilhões no período de janeiro e fevereiro. Internamente, o investidor avalia o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que subiu 0,35% em fevereiro após cair 0,01% em janeiro. É importante ressaltar que o indicador ainda não foi influenciado pelo novo coronavírus, mas a alta impulsiona as ações do setor de consumo na B3.

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