Correio Braziliense
postado em 14/04/2020 18:01
Mesmo diante do noticiário ruim da área fiscal, sobretudo a derrota da equipe econômica com a aprovação do pacote de socorro aos Estados ontem na Câmara, os juros futuros passaram o dia em queda, que foi mais acentuada na ponta longa da curva e tinha alÃvio de cerca de 15 pontos-base no fechamento da sessão regular. Além disso, as perspectivas para economia, global e brasileira, são cada vez mais sombrias, com o Fundo Monetário Internacional informando que prevê retração de 5,3% do PIB do Brasil em 2020. O desempenho da curva surpreendeu parte dos profissionais, mas alguns fatores ajudam a explicar a devolução de prêmios, entre eles a expectativa favorável para a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento de Guerra amanhã no Senado, o clima mais positivo no exterior e também fatores técnicos.
Os contratos de curto prazo também recuaram, com a taxa do principal vencimento, janeiro de 2021 tendo, na mÃnima de 3,02%, chegado perto de cair abaixo dos 3%. A taxa deste contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) encerrou em 3,045%, de 3,097% no ajuste de ontem, e a do DI para janeiro de 2022 caiu de 3,76% para 3,70%. A taxa do DI para janeiro de 2027 fechou na mÃnima de 7,25%, de 7,402% ontem.
A questão é que o Banco Central, preocupado com a potência da polÃtica monetária e com o nÃvel de inclinação da curva, tem emitido comunicação cautelosa a respeito da Selic. A curva teve expressivo "steepning" no mês passado e, desde então, esse prêmio vem sendo mitigado pouco a pouco. "Os nÃveis ainda estão muito altos, quando comparados a antes da crise. Então, o que se vê é uma certa normalização gradual, de nÃveis talvez excessivos, bastante devido ao aumento de liquidez no mercado", afirmou o economista-chefe para a América Latina do banco holandês ING, Gustavo Rangel.
Esse aumento de liquidez está diretamente relacionado à s ações dos bancos centrais com medidas de estÃmulo. E, desse modo, há esperança nas negociações da PEC que será votada amanhã. "Vejo a curva longa fechando pela confiança do mercado na negociação da votação no Senado", disse gerente da Mesa de Reais da CM Capital Markets, Jefferson Lima.
Pela PEC, o Banco Central poderá comprar créditos e tÃtulos privados diretamente de empresas, sem ter bancos como intermediários, desde que os ativos tenham sido avaliados por pelo menos uma das três maiores agências internacionais de classificação e preço de referência publicado por entidade do mercado financeiro reconhecida pelo BC. O parecer do relator, senador Antonio Anastasia (PSD-MG), também autoriza o BC a negociar tÃtulos emitidos pelo Tesouro, nos mercados secundários local e internacional.
Nesse contexto, a esperança na PEC acabou servindo de anteparo à s notÃcias fiscais ruins, como a aprovação do plano de socorro aos Estados e municÃpios, pelo qual o governo deve recompor as perdas dos entes com ICMS e ISS em função da crise do coronavÃrus por seis meses. A previsão é que sejam gastos R$ 80 bilhões, o dobro do repasse fixo oferecido pelo Ministério da Economia para cobrir a perda na arrecadação por três meses.
Contato: denise.abarca@estadao.com
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