Economia

Apenas 9% da aviação opera na América Latina e Caribe, diz Alta

Luis Felipe de Oliveira, presidente da entidade, afirma que isso pode representar prejuízo de US$ 32 bilhões na indústria do turismo da região, US$ 1,79 bilhão apenas no Brasil

O transporte aéreo de passageiros está praticamente parado na América Latina e Caribe por conta da pandemia do novo coronavírus. O presidente da da Associação Latinoamericana e do Caribe do Transporte Aéreo (Alta), Luis Felipe de Oliveira, disse, nesta quinta-feira (16/4), que, atualmente, apenas 9% dos voos planejados estão operando na região. O executivo alertou que isso tem um efeito dominó na indústria do turismo, colocando em risco 25 milhões de empregos em termos globais. A cadeia deve ter prejuízo de US$ 32 bilhões na região, US$ 1,79 bilhão apenas no Brasil. Só o transporte de carga teve aumento, de 65%, na primeira quinzena de abril. 

Os dados estimados pela Alta para março são de uma redução de 25% no tráfego, com cerca de 28 milhões de embarques realizados. São 10 milhões de passageiros a menos se comparado com março de 2019. “Prevemos uma redução de 21% no mercado doméstico e 29% no internacional, já sentindo os efeitos da crise”, disse Oliveira. 

Em abril, considerando apenas voos internacionais, apenas 3% dos voos planejados seguem em operação, ou seja, 97% dos voos marcados para abril não estão sendo realizados. “Isso tem um impacto enorme não somente na aviação, mas em toda a indústria do turismo”, destacou o executivo. 

Em termos globais, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) estimou perdas de US$ 314 bilhões no setor aéreo, considerando apenas a aviação comercial. O tombo global é o equivalente a 55% do faturamento do setor no ano passado. Na América Latina e Caribe, a projeção é de perdas de US$ 18 bilhões, uma redução de 49% de capacidade e até 2,9 milhões de empregos em risco em toda a região.

Ao considerar todo setor do turismo, Oliveira ressaltou que o prejuízo pode chegar a US$ 32 bilhões. Só no Brasil, as perdas serão de US$ 1,79 bilhão. “É um número que muda praticamente dia a dia. Teremos uma recuperação lenta, com destaque para o retorno do tráfego doméstico primeiramente”, disse. 


Recuperação


Oliveira informou que, na próxima semana, representantes de diversas entidades representativas do setor aéreo vão discutir ações conjuntas para a retomada das operações. Segundo ele, a recuperação deve começar com o reinício dos voos domésticos, seguidos dos regionais e depois, dos vôos internacionais. “A estimativa é de que os voos domésticos voltem a operar entre final de maio e início de junho, mas tudo vai depender do comportamento da pandemia. O importante é que a retomada aconteça de forma coordenada para que haja um renascimento da indústria de forma harmônica.”, completou.

Saiba Mais

O tráfego de aeronaves de carga intrarregional (em vôos dentro da América Latina e Caribe) cresceu 65% em relação à primeira quinzena de abril de 2019. Os vôos internacionais extrarregionais (a partir de e para a região) tiveram crescimento de 26% versus a primeira quinzena de abril de 2019.

O presidente da Alta ressaltou que o setor busca ajuda governamental na forma de empréstimos. E também ofereceu ajuda. “Como é uma crise sem precedentes, não há manual para sair dela. as temos exposição internacional e podemos colaborar. A ideia é um intercâmbio de ideias. É  uma luta de todos nós. Temos que buscar trabalhar em conjunto, porque juntos somos mais fortes.”