Correio Braziliense
postado em 16/04/2020 19:10
O desemprego varre os Estados Unidos na mesma velocidade de contaminação do novo coronavírus. Em apenas um mês, mais de 21,5 milhões de trabalhadores foram demitidos e recorreram ao seguro-desemprego. Só na semana passada, foram 5,2 milhões. Autoridades norte-americanas dizem que a taxa de desemprego pode chegar a 30% no auge da crise provocada pela Covid-19 e 15% da população corre o risco de mergulhar na extrema pobreza.
Para evitar o pior, o presidente dos EUA, Donald Trump, deve anunciar a reabertura do país, em teleconferência com governadores, ainda nesta quinta-feira (16/4), para anunciar o seu plano econômico. O temor é de que a economia atinja os níveis da Grande Depressão de 1929.
Para Leonardo Trevisan, economista e professor de Relações Internacionais da ESPM SP, o que os números de hoje sinalizam é a extrema agilidade do contágio econômico na direção da chegada do ciclo recessivo. “É mais rápido do que a própria pandemia. Em 15 dias, 10 milhões de americanos perderam emprego. Isso significa, praticamente, 1 milhão por dia útil”, explicou.
Segundo o professor, essa é uma situação absolutamente inédita e muito mais incisiva. “Os 22 milhões de pessoas desempregadas em relação a uma população economicamente ativa de 158 milhões significam 13,5% da força de trabalho norte-americana”, calculou. Isso foi reflexo, quase instantâneo, em especial do setor de serviços, da perda de confiança no crescimento econômico. “Estamos falando de uma mudança brusca. Em fevereiro, o desemprego era de 3,6%, a mais baixa taxa em 50 anos. Em questão de oito semanas houve um salto”, ressaltou.
Trevisan lembrou que no ciclo recessivo de 1929, o desemprego atingiu 25%, ou seja, um em cada quatro americanos perderam o emprego. “Porém, isso ocorreu num período de 18 a 24 meses. A probabilidade de que a taxa alcance de 30% está ficando cada vez mais alta”, disse. E explicou: “O ciclo de desemprego, por enquanto, atinge mais o setor de serviços, mas começa o contágio no setor produtivo, exatamente, devido à parada de consumo.”
O especialista alertou que o cenário demanda uma resposta muito mais rápida do que a chegada dos cheques de ajuda aos desocupados. “Esse processo obrigará uma mudança drástica nas políticas de emprego e econômica dos Estados Unidos. Nós veremos isso nos próximos dias.”
Saiba Mais
Para o Brasil, o alto desemprego dos Estados Unidos é preocupante, disse Noronha. “A retração dos EUA é ruim em termos globais. O Trump pode intensificar sua postura mais nacionalista, que vinha adotando em torno das disputas comerciais. Mais nacionalismo significa mais barreiras para o comércio exterior”, disse.
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