Economia

Pressão para elevar a Cide

Correio Braziliense
postado em 18/04/2020 04:04
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, alertou, ontem, para o risco de desabastecimento de gás de cozinha se o governo ceder à pressão dos usineiros e aumentar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que incide na gasolina. Os usineiros vêm pressionando o governo para elevar a Cide, de R$ 0,10 para R$ 0,50 por litro de gasolina, a fim de tornar o etanol mais competitivo. O valor do derivado de petróleo vem caindo junto com a demanda pelo produto, que despencou durante a crise do novo coronavírus, com a redução na circulação de veículos. “Alguns setores correm para pedir ajuda ao governo nos momentos de dificuldade, vendo só o lado do produtor. Temos que olhar para o consumidor. O aumento do imposto produz efeitos muito ruins”, afirmou Castello Branco.

Com aumento da Cide, o consumo da gasolina tende a cair ainda mais. “Essa queda na demanda implica redução de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo, mais conhecido como gás de cozinha) e aumento da importação para abastecer o mercado”, disse. “No momento não há risco de desabastecimento, mas com introdução de medidas protecionistas, esse risco pode vir a se materializar”, assegurou.

Castello Branco também comentou as ações da Petrobras para conter a pandemia do novo coronavírus e o choque de preços do petróleo. Ele criticou os sindicatos que acusam a companhia de promover demissão em massa. “A Petrobras não está demitindo, não tem planos e isso nunca esteve sob consideração”, reiterou. Ele assegurou também a solidez financeira da empresa. “Há boatos de que a empresa vai quebrar. A Petrobras não vai quebrar”, reforçou.

Entre as práticas para manter a liquidez em caixa, o presidente afirmou que a estatal está renegociando com grandes fornecedores. “Não estamos fazendo isso com os pequenos, para mantê-los com fôlego. Também estamos sendo flexíveis com os nossos clientes”, explicou. O executivo lembrou que a Petrobras baixou o preço dos combustíveis em paridade com o mercado internacional, mas a redução não chegou aos consumidores. “Esperamos que os revendedores olhem para o lado do consumidor e não para si próprio”, assinalou.




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