Correio Braziliense
postado em 21/04/2020 04:04
O ministro da Economia, Paulo Guedes, demonstrou otimismo com a retomada da atividade brasileira após a recessão que está se formando devido à pandemia da Covid-19. Ele evitou dar números e falou que as previsões atuais são meros “chutes”, porque nenhum modelo econométrico consegue prever a intensidade e a duração da crise. Mas garantiu que o Brasil vai surpreender na retomada. “Os modelos econômicos estão equivocados”, disse ontem, em uma teleconferência organizada pelo BTG Pactual.
“Qualquer economista sabe que houve mudança do regime e todos os modelos não funcionam. Qualquer um que está fazendo previsão está pati
nando em gelo fino”, afirmou. O ministro fez questão de ressaltar que, no começo do ano, antes de o coronavírus chegar ao país, o Produto Interno Bruto (PIB) fazia uma curva ascendente “enquanto o mundo estava desacelerando”.
Guedes apostou em uma recuperação mais acelerada, com a curva em V, ao contrário do que os economistas mais cuidadosos estão prevendo. “A nossa volta pode ser em V, e vamos surpreender o mundo. Ano passado, ninguém acreditava com a nossa capacidade de lidar com diferentes opiniões, e aprovamos a reforma da Previdência”, lembrou.
O ministro contou que tem respeitado as orientações de isolamento social, porque não entende de saúde e defendeu o distanciamento, ao contrário do presidente Jair Bolsonaro, que tem feito aparições em aglomerações no fim de semana. Para ele, o importante é preservar os sinais vitais da economia e “não significa sair do isolamento”.
Reformas
Em relação às políticas para a retomada da economia, o ministro defendeu a volta das reformas, a simplificação de tributos e a facilitação dos investimentos, principalmente das concessões em infraestrutura. Ele criticou a concessão de áreas de exploração de petróleo pelo regime de partilha e garantiu que pelo menos duas privatizações devem acontecer logo que for possível.
Ele voltou a defender a desoneração da folha de pagamentos, apesar de admitir que a carga tributária é elevada e não há espaço para aumento de impostos. Guedes ainda reforçou a necessidade da aprovação de propostas que já estavam no Congresso, como o Pacto Federativo, a PEC dos Fundos, o novo marco regulatório do saneamento e o projeto de lei de autonomia do Banco Central.
O ministro demonstrou preocupação com o desequilíbrio fiscal das contas públicas, que devem piorar devido às medidas emergenciais que estão sendo adotadas para conter os efeitos da crise e defendeu um ajuste fiscal logo assim que a pandemia for controlada. Criticou, por exemplo, o projeto de lei que obriga a União a cobrir a perda de arrecadação de estados e municípios com tributos, uma conta que pode chegar a R$ 220 bilhões, sem impor limites. Para o ministro, a proposta abre caminho para uma “farra fiscal”.
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