Correio Braziliense
postado em 21/04/2020 04:04
Pela primeira vez na história, o preço do petróleo no mercado futuro caiu abaixo de zero, ontem. No último dia antes do vencimento dos contratos com entrega para maio, com o mundo parado diante da pandemia de coronavírus, os investidores internacionais fizeram o possível para se livrar dos papéis. O barril do óleo do tipo West Texas Intermediate (WTI), negociado nos Estados Unidos, terminou o dia cotado a US$ 37,63 negativos. Significa dizer que os investidores estavam, literalmente, pagando para não receber o produto.
Ao fim do pregão, os contratos ficaram 305,97% mais baratos do que na sexta-feira, quando fecharam o dia sendo negociados a US$ 18,27, cotação que já era a menor em 18 anos. Há um ano, o mesmo barril custava US$ 66. O desespero dos investidores reflete um mercado inundado de óleo e sem quem queira comprá-lo ou tenha onde estocá-lo.
Hoje, 160 milhões de barris estão em navios-tanques, o número mais alto da história, segundo a agência de notícias Reuters. No auge da crise de 2008, eram 100 milhões. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados, como a Rússia, fizeram um acordo, em 12 de abril, para cortar 10% da produção, para tentar reverter o quadro, mas o número ainda não é suficiente.
Diante desse cenário, e sem perspectivas para o fim da pandemia, os contratos para junho do WTI fecharam o dia também a preços baixos, cotados a US$ 20,43, o barril, uma queda de 18,4%. O contrato do óleo Brent, negociado em Londres, com vencimento em junho, caiu 8,94%, com barril sendo negociado a US$ 25,57. Como a Petrobras usa o Brent como referência, os papéis não foram muito afetados. A queda chegou a 1,36% nas ações preferenciais (PETR4) e a 1,02% nas ordinárias (PETR3).
Mercado
Com a piora das bolsas americanas, a Ibovespa teve baixa e operou instável na véspera de feriado. A bolsa abriu em queda de mais de 2%, chegou a subir mais de 1% e superar os 80 mil pontos no início da tarde. Às 16h21, o índice tinha desvalorização de 0,33%, a 78.726 pontos. O dólar comercial teve a segunda maior cotação da história, com uma alta de 1,4%, e fechou a R$ 5,309 na venda.
O desempenho da moeda foi afetado pelo dia negativo nos mercados financeiros no mundo, provocado pelo colapso dos preços do petróleo a mínimas históricas, que agravou a percepção de piora para a economia global. Nem mesmo a intervenção do Banco Central, com a venda de US$ 500 milhões em operação no mercado à vista, segurou o movimento. A moeda saiu das máximas, mas acabou recuperando metade da queda.
* Estagiário sob supervisão de Fabio Grecchi
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