Correio Braziliense
postado em 23/04/2020 04:04
O dólar bateu mais um recorde ontem. A moeda chegou a marcar R$ 5,41 e fechou o dia a R$ 5,40, mesmo depois de o Banco Central (BC) intervir no mercado. E o que provocou essa nova disparada não foi só o efeito de aversão ao risco causado pelo novo coronavírus, mas o entendimento de que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai de fato cortar a taxa básica de juros (Selic) na sua próxima reunião, marcada para daqui a 15 dias.
O novo corte da Selic, que está na mínima histórica de 3,75% ao ano, já era defendido pelo mercado financeiro como uma forma de estimular a recuperação econômica brasileira no pós-coronavírus. Porém, ganhou força nesta semana depois que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, mudou o tom sobre o assunto. Após semanas defendendo cautela com os juros, Campos Neto admitiu que o cenário econômico mudou e que uma decisão de política monetária como essa seria efetiva no Brasil. Por isso, o mercado ampliou as apostas na queda da Selic, passando a precificar um corte de 0,75 e não mais de 0,5 pontos percentuais dos juros básicos, o que pode levar a economia brasileira a ter juros reais negativos.
Esse entendimento, porém, provocou uma verdadeira fuga de capital no mercado financeiro ontem. É que, se por um lado a redução da Selic contribui com a atividade econômica, do outro ela reduz a rentabilidade desses investidores na renda fixa. "O Brasil está no piso histórico e caminha para uma nova redução dos juros. Então, vai oferecer um prêmio menor aos investidores. E, com essa turbulência do coronavírus, também vai ficar mais longe de recuperar o grau de investimento. Por isso, o capital especulativo está buscando abrigo nos mercados externos", explicou o economista-chefe da BlueMetrix Ativos, Renan Silva.
Não bastasse isso, ainda contribuiu com a alta da moeda o ajuste referente à variação dos preços internacionais do petróleo. Por isso, o dólar operou em alta durante todo o pregão de ontem. A moeda começou o dia cotada a R$ 5,32, bateu R$ 5,41 à tarde e caiu a R$ 4,38 depois que o BC ofertou dez mil contratos de swaps cambiais. Logo depois, contudo, voltou a subir e fechou o dia a R$ 5,40% - alta de 1,91%. “O dólar subiu no mundo todo e essa questão dos juros é o próprio BC que alimenta. Então, não tem intervenção que vá frear a alta do dólar”, disse o analista da Clear Corretora, Rafael Ribeiro.
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