Economia

Auxiliar de Guedes diz que discussão do Pró-Brasil está só começando

Segundo os auxiliares de Guedes, o pacote de enfrentamento à Covid-19 já é três vezes maior que o total de recursos que havia disponível para despesas discricionárias em todo o ano de 2020

Correio Braziliense
postado em 23/04/2020 17:30
Segundo os auxiliares de Guedes, o pacote de enfrentamento à Covid-19 já é três vezes maior que o total de recursos que havia disponível para despesas discricionárias em todo o ano de 2020A equipe econômica do governo de Jair Bolsonaro prometeu entrar na discussão do programa Pró-Brasil - o plano de retomada econômica que foi apresentado pela Casa Civil para o pós-coronavírus, mas vai de encontro à agenda liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes. A leitura do número dois do Ministério da Economia é de que esta discussão está só começando.

"Ontem foi anunciado o protocolo, os setores que entendem que é preciso cuidar para fazer a retomada econômica. Os projetos para o país retomar. Mas ainda é muito inicial. É o pontapé inicial de uma discussão que começa na sexta-feira (24/04) e da qual nós faremos parte. Nós vamos discutir com eles", afirmou o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, nesta quinta-feira (23).

Em live realizada pelo Uol, Guaranys admitiu que o plano Pró-Brasil difere do plano de recuperação econômica imaginado pelo Ministério da Economia para o pós-coronavírus. Enquanto a Casa Civil quer ampliar os investimentos públicos, a Economia entende que o governo brasileiro não tem dinheiro para gastar tanto, já que vai sair dessa crise ainda mais endividado.

Segundo os auxiliares de Guedes, o pacote de enfrentamento à Covid-19 já é três vezes maior que o total de recursos que havia disponível para despesas discricionárias em todo o ano de 2020. Por isso, é posível que a dívida brasileira chegue a 90% do PIB. "Fomos no fundo do cheque especual e vamos precisar pagar essa conta para não ter que aumentar impostos ou aumenta juros, gerando inflação, no futuro", alertou Guaranys.

A pasta de Guedes defende, então, que a retomada seja feita por meio de reformas e concessões que reforcem o investimento privado no país e não ampliem o rombo das contas públicas. Manter o teto de gastos, por sinal, é tido como algo fundamental pela equipe econômica. Afinal, esse mecanismo controla o aumento das despesas públicas e mostra ao mercado que o processo de ajuste fiscal vai continuar, mesmo depois do gasto emergencial do coronavírus.

"Nossa linha tem sido atrair o máximo possível de investimento da iniciativa privada, porque não temos dinheiro para fazer tudo. [...] A discussão de que é preciso fazer mais investimento em obra pública é um debate que precisa ser feito dentro da nossa capacidde de recursos públicos", afirmou Guaranys, reforçando que a bandeira da Economia "para aumentar o crescimento do país continua sendo baseada nas reformas".

O secretário, porém, também fez questão de tentar por panos quentes na percepção de que o governo Bolsonaro rachou por conta desses entendimentos distintos sobre a recuperação econômica depois da pandemia da Covid-19. Segundo Guaranys, todos as pastas que participaram do anúncio do Pró-Brasil - Casa Civil, Infraestrutura e Minas e Energia - são parceiras da Economia.

Ele disse que a Infraestrutura, Minas e Energia sempre pediram mais investimentos em infraestrutura e, por isso, estão no pacote de privatizações do governo federal - pacote que, segundo o secretário de Desestatização, Salim Mattar do Ministério da Economia, também deve ser retomada depois do coronavírus. 

Já sobre a Casa Civil, Guaranys lembrou que a pasta é a responsável pela coordenação de todos os esforços governamentais contra o coronavírus e, por isso, tomou a dianteira do anúncio do Pró-Brasil. Mas, agora, vai discutir o assunto com todas as áreas envolvidas, através de um grupo técnico que, como anunciou o ministro Braga Netto, começa a trabalhar nesta sexta-feira e terá a participação da Economia. "O grupo começa nesta semana e até julho prepara o plano. Obviamente teremos nosso plano levantado e considerado pelo presidente", disse Guaranys.


Paulo Guedes


O secretário-executivo do Ministério da Economia ainda garantiu que a relação de Paulo Guedes com o presidente Jair Bolsonaro continua positiva. "Eles têm uma parceria muito grande. É uma relação diferente da dos ministros que eu já tinha visto. Uma relação de confiança e respeito mútuo. Vejo uma relação peculiar", disse Guaranys. 

Saiba Mais

E ele reforçou esse discurso quando foi questionado se a discussão sobre a possível saída de Guedes do governo poderia voltar ganhar força agora que a Casa Civil assumiu a condução do Pró-Brasil e que o outro ministro que era considerado uma base para o governo pediu demissão - o ministro da Justiça, Sergio Moro. "A relação do ministro Guedes é muito diferente", disse.

Guaranys ainda afirmou que Guedes anda sumido nos últimos dias apenas por precaução, por conta do coronavírus. O ministro está trabalhando de forma remota, da Granja do Torto. "Eles [Guedes e Bolsonaro] têm reuniões semanais, têm se falado todos os dias. Nós preservamos ele, para que não fique em contato [físico] com a gente. Fazemos reuniões por vídeo. E, quando é necessário, vem pra reunião" alegou.

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