Correio Braziliense
postado em 24/04/2020 04:03
O anúncio de antecipação da segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600 do governo federal durou pouco mais de dois dias. O anúncio fora feito, na segunda-feira, pelo ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, justificando ser a medida uma questão de “humanidade”. Porém, foi desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro, que, ao responder a uma apoiadora numa rede social, afirmou que o anúncio não tieve sua autorização. Agora, não há data sobre quando a segunda parcela será liberada. Pelo cronograma inicial, seria em 15 de maio.
Em entrevista à Band TV, na noite de ontem, Onyx informou que o calendário para a segunda parcela será alterado e anunciado no início da semana que vem. Conforme explicou, a demanda pelo auxílio é muito maior que o esperado. Sem calendário, o ministro disse que o Ministério da Economia deve liberar cerca de R$ 25 bilhões para garantir a continuidade do auxílio nos próximos dias. Salientou ainda que algumas pessoas podem receber as duas parcelas juntas, na primeira semana de maio.
O pagamento foi adiado porque o volume de trabalhadores que têm direito ao auxílio superou as expectativas do governo, forçando o Executivo a ampliar o orçamento. Conforme dados da Caixa Econômica Federal (CEF), até ontem 45,9 milhões de trabalhadores haviam solicitado o benefício. Entretanto, no cruzamento de dados percebe-se mais 51 milhões de brasileiros do CadÚnico e do Bolsa Família com direito ao auxílio. O total de contemplados pelo programa vai, dessa forma, superar a previsão inicial, que era de 54 milhões de trabalhadores. Por isso, o orçamento de R$ 98,2 bilhões também precisará ser aumentado.
O secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, disse ontem, em live realizada pelo site Uol, que a pasta da Cidadania estava fazendo o cálculo de quanto será preciso liberar de crédito suplementar para que o benefício emergencial seja pago aos que têm direito. A intenção, segundo ele, é resolver ainda nesta semana o impasse que impediu o repasse da segunda parcela ontem.
“Se tem mais gente para receber, não posso fazer com o orçamento que tinha antes. Preciso de mais dinheiro. O auxílio emergencial vai ser pago, mas precisa orçamentar isso primeiro”, explicou. O valor acumulado da liberação de recursos (tanto daqueles inscritos no Bolsa Família e no CadÚnico, quanto dos que fizeram cadastro pelo aplicativo ou pelo site) chegou a R$ 23,5 bilhões, segundo a Caixa.
Em nota, o banco informou que “está preparada para efetuar o crédito da segunda parcela do Auxílio Emergencial do Governo Federal e aguarda a liberação de recursos orçamentários e de um novo calendário por parte do Ministério da Cidadania”.
Desconforto
O anúncio de antecipação gerou, ainda, um desconforto no Planalto, quando Bolsonaro desautorizou Onyx por anunciar a antecipação do pagamento da segunda parcela sem tê-lo consultado. “Nada foi cancelado. Um ministro anunciou, sem estar autorizado, que iria antecipar a segunda parcela. Primeiro se deve pagar a todos a primeira parcela, depois o dinheiro depende de crédito suplementar já que ultrapassou em quase 10 milhões o número de requerentes. Tudo será pago no planejado pela Caixa”, escreveu Bolsonaro.
Somente às 20h49 de quarta-feira, o Ministério da Cidadania divulgou nota voltando atrás na decisão de antecipar o pagamento para ontem. E justificou a decisão da mesma forma que Bolsonaro dissera à apoiadora.
Na noite de ontem, a Caixa informou que creditará mais R$ 1,2 bilhão da primeira parcela do auxílio para 1,9 milhão de cadastrados que passaram pelo crivo da Dataprev. O depósito será feito hoje à noite e poderá ser acessado amanhã. (Colaborou Marina Barbosa)
*Estagiário sob supervisão de Fabio Grecchi
45,9 milhões
de trabalhadores tinham se cadastrado, pelo aplicativo ou pelo site, até ontem,para receber o auxílio emergencial
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