Correio Braziliense
postado em 24/04/2020 04:04
Crise do governo aumenta preocupação dos empresários
É cada vez maior a preocupação do empresariado com os rumos do governo Bolsonaro. Enquanto a pandemia do coronavírus não dá trégua, com o número de mortos quebrando recordes todos os dias, Brasília continua a ser uma usina geradora de crises. E isso incomoda a elite corporativa do país. Causou especial revolta o lançamento do Programa Pró-Brasil, claramente executado às pressas e que não contou com a anuência do ministro da Economia, Paulo Guedes. Os empresários não confiam em ações da área econômica que não passem por Guedes, e afastá-lo de qualquer iniciativa nesse campo é comprar uma briga desnecessária. Bolsonaro precisa entender que boa parte do crédito que os empresários deram ao seu governo se deve principalmente à agenda liberal defendida por Guedes. Perder o apoio do empresariado a essa altura do campeonato, com uma tragédia sem precedentes gerada pela pandemia do coronavírus, é um risco alto demais para um governo com muitos problemas a resolver.
Rapidinhas
» O uso de drones para aplicações comerciais ganhava força antes do coronavírus, mas acelerou com a pandemia. Na China, durante o auge da infecção, os aparelhos foram adotados com sucesso para o transporte de medicamentos. Agora, empresas como Amazon prometem utilizar drones para o delivery de todo tipo de mercadoria.
» As restrições de circulação e o receio de infecção vão deixar sequelas no setor de turismo. Nesse cenário, as viagens virtuais serão uma alternativa para conhecer o mundo sem sair de casa. Já existem aplicativos especializados nesse tipo de viagem, como o Travel World e o Syg Travel VR, que simulam passeios por cidades e paisagens icônicas.
» As companhias aéreas buscam soluções para diminuir o risco de contaminação dentro das aeronaves. Para evitar o contato entre as pessoas, a empresa de design italiana Avio Interiors projetou uma persiana transparente entre os assentos, que pode ser colocada ou tirada pelo próprio passageiro. A Alitalia se interessou pela novidade.
» O Grupo Cosan, controlador da Comgás, informa que a venda de gás para residências cresceu 10% após o início da pandemia. O segmento responde por 35% das margens da Comgás. Se a quarentena continuar até maio, a tendência é que o percentual suba para perto de 50%.
Apps de entrega apostam em inovações
Os aplicativos de delivery não perdem tempo na crise. No início de abril, a Uber Eats decidiu entregar, além de alimentos, produtos de farmácias, petshops e lojas de conveniência. Há alguns dias, a Rappi começou a testar em Medellín, na Colômbia, robôs para a entrega de comida em domicílio. Ontem, o iFood passou a aceitar vale-refeição como forma de pagamento on-line para aproveitar o contingente de 8 milhões de brasileiros que usam esse tipo de cartão. A guerra entre as empresas será intensa.
Scania vai retomar produção em São Paulo
A montadora de caminhões Scania vai reiniciar as atividades da unidade de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, na segunda-feira (27). A paralisação começou em 20 de março e só foi suspensa após a elaboração de um plano de ação para os seus 3 mil funcionários. Entre as medidas adotadas estão a medição de febre antes de os empregados iniciarem o trabalho, distanciamento mínimo de um metro e meio entre eles e horário de almoço em turnos para evitar aglomerações.
“Uma crise vem para testar a resiliência de um sistema e sempre premia a eficiência”
Federico Grosso, diretor-geral da Adobe para a América Latina
Varejo perde R$ 1 bilhão por dia com lojas fechadas
Um estudo realizado pela Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) explica porque os empresários pressionam as autoridades pela reabertura do comércio. De acordo com as estimativas, o varejo paulista, que responde por 30% das vendas no país, perde R$ 1 bilhão por dia com as lojas fechadas. Nas semanas que antecedem o Dia das Mães, a segunda data comercial mais importante do ano, esse número chega a aumentar 50%.
3,9%
é quanto vai cair o PIB global em 2020, segundo estimativa da Fitch Ratings. A recessão é resultado da pandemia do coronavírus
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