A reação do mercado financeiro ao pedido de demissão de Sergio Moro do Ministério da Justiça foi a pior possível. Os analistas reagirem negativamente à notícia, durante todo o dia de ontem, pois acreditam que essa baixa deixa o futuro do governo de Jair Bolsonaro incerto, sobretudo na área econômica. Por isso, o pregão terminou com a Bolsa em queda de 5,45%, e o dólar em alta de 2,33%, no novo recorde de R$ 5,65 — além da expectativa de que essa instabilidade continue forte na reabertura dos mercados, na segunda-feira.
O pregão foi o pior de todo o mês de abril para a Bolsa de Valores de São Paulo. Com a queda de 5,65%, o Ibovespa voltou para os 75.330 pontos. A perda foi de R$ 171,9 bilhões, segundo cálculos da Economatica. Já o dólar acumulou o terceiro dia consecutivo de marcas negativas, fechando na pior cotação do ano: a moeda subiu R$ 0,15 na semana, com alta de 6,76%. A desvalorização do real só não foi maior que a do bolívar venezuelano (26%), segundo a Austin Rating. E esses números só não foram piores porque as boas notícias do exterior respingaram por aqui.
A exoneração de Marcelo Valeixo da direção-geral da Polícia Federal levou o dólar a R$ 5,61 e a Bolsa a uma queda de 3,3%, na abertura dos mercados. E a confirmação da demissão de Moro, logo depois, fez o dólar bater o recorde intradiário de R$ 5,73 e derreter a Bolsa em mais de 9,5%. Os analistas previam até que os negócios seriam interrompidos pelo circuit breaker, mas viram a queda perder ritmo quando os investidores respiraram aliviados porque, nos Estados Unidos, fora aprovado o pacote que promete injetar mais de US$ 400 bilhões na economia do país.
O sossego, porém, só aliviou o baque, pois os negócios continuaram em queda e o dólar continuou em alta, mesmo depois de o Banco Central intervir no mercado com leilões de swaps cambiais e de venda de moeda à vista –– que, segundo o mercado, custaram mais de US$ 4,2 bilhões.
Analista da Clear Corretora, Rafael Ribeiro explicou que a saída de Moro abalou a confiança do mercado na condução do governo. Afinal, Guedes e Moro tinham em comum o status de superministros, mas Bolsonaro mostrou que pode tirá-los, renovando as dúvidas sobre a permanência do ministro da Economia, que ainda é bem visto pelo mercado.
A expectativa é de que esse clima de incerteza e aversão ao risco continue na segunda-feira, pois o discurso de Bolsonaro, realizado no fechamento do mercado, não foi bem recebido. “Gerou ruídos, piorou em vez de ajudar. E, depois disso, o (procurador-geral da República, Augusto) Aras entrou com o pedido de inquérito contra Bolsonaro. Então, segunda-feira terá mais volatilidade”, alertou a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto. (MB)
De ponta-cabeça
Bolsa
» R$ 171,9 bilhões saíram da B3 somente ontem, segundo a Economatica;
» 5,51% foi a queda do Ibovespa ontem;
» Bolsa fechou a 75.331 pontos;
» Foi o pior pregão do mês.
* A queda, porém, bateu os 9,58% durante o pronunciamento de Moro;
* As 73 ações da Bolsa
ficaram no vermelho;
* O mercado chegou a esperar
um novo circuit breaker.
Maiores quedas da sexta-feira:
+ Azul: 14,54%
Eletrobras: 13,17%
CVC: 13,86%
Banco do Brasil: -13,37%
Dólar
» R$ 5,65 foi a cotação de ontem, a maior desde a criação do Plano Real;
» 2,33% de alta.
* A alta, porém, bateu os 3,61% depois do pronunciamento de Moro;
* O dólar bateu o novo recorde intradiário, de R$ 5,73;
* E acumulou alta de 6,76% ó nesta semana;
* Foi a pior semana do ano para o real;
* Só o bolívar venezuelano desvalorizou mais (26%), egundo a Austin Rating.
O BC tentou evitar disparada do dólar;
US$ 4,275 bilhões foi quanto autoridade monetária gastou no mercado de câmbio ontem.
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