Correio Braziliense
postado em 28/04/2020 04:04
Depois de um fim de semana marcado pela especulação sobre a permanência de Paulo Guedes no governo, Jair Bolsonaro fez questão de acenar para o mercado, dizendo que continua alinhado com o seu “Posto Ipiranga”. Eles se encontraram ontem, logo cedo, e no encontro com os jornalistas, na saída do Palácio da Alvorada, o presidente sentenciou, tentando pôr fim aos rumores: “O homem que decide sobre a economia no Brasil é um só, Paulo Guedes”.
“Ele nos dá o norte, nos dá as recomendações e o que nós realmente devemos seguir”, afirmou Bolsonaro, ao lado não apenas de Guedes, mas também do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto –– que estiveram na mesma reunião.
O presidente ainda acrescentou que é uma preocupação do governo a “total responsabilidade com os gastos públicos” e disse que, por isso, há “algumas reformas pela frente para serem discutidas e votadas”.
Ao lado de Bolsonaro, Guedes aproveitou, então, para reforçar que o país continua com a agenda de ajuste fiscal e sugeriu que o plano Pró-Brasil, proposto pela Casa Civil, dias atrás, para a retomada da economia no período pós-coronavírus, pode ter que se ajustar a essa preocupação com o controle das finanças públicas.
“Tivemos a confirmação do presidente de que estamos na mesma trajetória”, emendou Guedes, que agradeceu “ao presidente a confiança que sempre demonstrou em nosso programa” e garantiu que “o Brasil vai voltar à tranquilidade muito brevemente, muito antes do que todos esperam”.
“O mundo inteiro está gastando mais agora por causa da crise. Nós também temos que gastar. Só que é um ano excepcional, extraordinário. Esse ano mesmo, já voltamos às reformas. Ano que vem, já vamos estar certamente crescendo, com investimento em saneamento, petróleo e gás, infraestrutura, logística. Nós seguimos firmes com nosso compromisso”, garantiu Guedes, que, diante disso, chegou a ouvir de um dos apoiadores de Bolsonaro o seguinte apelo: “ministro, não saia não”.
Pró-Brasil
O plano Pró-Brasil foi construído sem a colaboração da equipe econômica e expôs o racha do governo em relação à condução da agenda econômica, alimentando as dúvidas sobre a permanência de Guedes, que só cresceram após a demissão de Sergio Moro do Ministério da Justiça. Questionados sobre o assunto, o presidente garantiu a presença do ministro à frente da condução das finanças do país.
Guedes classificou o Pró-Brasil apenas como “estudos na área de infraestrutura e construção civil”. “Estudos adicionais para ajudar nessa arrancada que vamos fazer. Mas vai fazer dentro do programa de recuperação de estabilidade fiscal nossa. Não queremos virar uma Argentina, uma Venezuela. Estamos em outro caminho. Estamos no caminho da prosperidade, não no caminho do desespero”, garantiu.
E o secretário-executivo do Ministério da Economia completou as alfinetadas ao Pró-Brasil. Em entrevista no Palácio do Planalto, frisou que apesar de não ter participado da confecção do plano, a equipe econômica vai participar do grupo ministerial, sob coordenação da Casa Civil, que vai preparar a retomada no pós-coronavírus. (MB)
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