Economia

Tranquilidade permite alta na Bolsa apesar da instabilidade do petróleo

Correio Braziliense
postado em 28/04/2020 11:05
A calmaria momentânea na política interna e no cenário internacional permite novos ganhos ao Ibovespa nesta terça-feira, 28, após ter fechado na véspera com alta de 3,86%, aos 78.238,60 pontos. A esperança de retomada de algumas economias mundo afora depois da quarentena por conta do novo coronavírus segue como um dos principais condutores desse ambiente menos conturbado nos mercados. Somado a isso, alguns balanços do primeiro trimestre também ancoram o clima de menor aversão a risco no exterior. A expectativa é de que a Bolsa brasileira avance mesmo com a continuidade da queda nas cotações de barris de petróleo no mercado internacional. O contrato futuro da commodity em Nova York, o WTI, caiu quase 20% e atingiu o menor nível na madrugada em 34 anos. Há instantes, contudo, migrou para alta na faixa de 2%, às 10h53. O Ibovespa subia 3,50%, aos 80.979,18 pontos, após superar os 81 mil pontos mais cedo. Em Nova York, as altas estavam em torno de 1%, bem como na Europa. De acordo com o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, mesmo com o recuo do petróleo mais cedo, já não se esperava que teria influência nos negócios, pois reflete algo que já é sabido há algum tempo e que, por ora, não há muito o que fazer para solucionar o problema. "A questão é a demanda fraca e os estoques elevados por conta do novo coronavírus. Enquanto a pandemia não passar e houver retomada das economias, o preço tende a continuar baixo", explica. O WTI é o que mais sofre pois tem locais fixos de armazenagem que, por sua vez, estão lotados, acrescenta. A afirmação do presidente Jair Bolsonaro de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, não corre risco de perder o cargo e, mais do que isso, de que ele é o único capaz de decidir pela economia brasileira, ainda deve ecoar no mercado doméstico. Além disso, o estrategista cita que o anúncio de que o advogado-geral da União, André Mendonça, é o novo ministro da Justiça, no lugar de Sérgio Moro, pode completar o otimismo interno. Isso porque, diz, o nome não tem ligação com a família Bolsonaro. Antes, o indicado era o secretário-geral da Presidência, Jorge Oliveira, mas que recebeu críticas por ser próximo ao clã Bolsonaro. No entanto, o presidente definiu que Alexandre Ramagem ocupará a vaga de diretor-geral da Polícia Federal, em substituição a Maurício Valeixo. Ramagem é amigo da família Bolsonaro. Ao pedir demissão, na Sexta-feira passada, Moro acusou Bolsonaro de tentar interferir na PF e querer obter informações sigilosas de inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal. Agora, o STF autorizou abertura de inquérito para investigar as declarações do ex-juiz da Lava Jato. "Com o cenário político mais calmo, a tendência é o investidor olhar para o exterior", diz um operador de renda variável, acrescentando que nem mesmo o recuo na produção de óleo pela Petrobras no primeiro trimestre pode atrapalhar. Ontem, a estatal informou que produziu no período 2,909 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boepd), queda de 3,8% na comparação trimestral e alta de 14,6% em base anual. Já quanto aos balanços informados, mesmo que alguns tenham apresentado resultados negativos, Laatus acredita que isso já era esperado por conta dos efeitos da pandemia. Neste sentido, acrescenta que podem ter pouca influência sobre os negócios. Claro, diz, se o desempenho foi melhor que o esperado deve ajudar a completar a lista de fatores positivos do dia. No Brasil, destaque para o Santander, que informou lucro líquido de R$ 3,853 bilhões no primeiro trimestre, avanço de 10,5% em um ano. As ações do banco (Unit) sobem mais de 8%, estimulando também outros papéis do segmento. Bradesco, por exemplo, avança mais de 8%. Já ViaVarejo dá sequência aos ganhos da véspera, subindo mais de 12%. Carrefour, que chegou a subir mais forte, avançava 0,05%. As vendas consolidadas do Carrefour Brasil subiram 12,2% no período ante o primeiro trimestre de 2019.

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