Economia

Taxas têm queda firme com IPCA-15, dólar e trégua no noticiário político

Correio Braziliense
postado em 28/04/2020 17:57
A redução da inclinação da curva de juros se acentuou na tarde desta terça-feira, 28, quando as taxas de médio e, principalmente, as de longo prazo ampliaram a queda alinhadas à aceleração das perdas do dólar abaixo de R$ 5,50. No fechamento da sessão regular, alguns contratos longos tinham recuo perto de 90 pontos-base. As taxas curtas também cederam, com o contrato para janeiro de 2021 voltando a rodar abaixo de 3%. A trajetória descendente começou cedo com o IPCA-15 de abril abaixo das estimativas pavimentando o espaço para corte da Selic no Copom de maio. O quadro para as apostas na precificação da curva em relação ao que se via ontem mudou - o mercado voltou a colocar fichas na possibilidade de queda de 0,75 ponto porcentual. A devolução de prêmios também se deu com algum alívio no noticiário político. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou na mínima de 2,830%, ante 3,197% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2022 caiu de 4,221% para 3,74%. O DI para janeiro de 2023 fechou com taxa de 4,85%, de 5,703% ontem, e o DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa a 7,60%, de 8,463%. Num dia de maior hesitação nos mercados internacionais, foram fatores domésticos a ditar a dinâmica da curva. A começar pelo IPCA-15 de abril (-0,01%), no piso das estimativas, a menor taxa para o mês desde o início do Plano Real, e com preços de abertura considerados favoráveis. Em 12 meses, a inflação é de 2,92%, muito abaixo do centro da meta para este ano que é de 4%. Com os impactos da retração da atividade por causa da Covid-19 cada vez mais presentes nos preços, o mercado já conta com IPCA francamente deflacionário no índice fechado de abril e apostas mais agressivas indicam taxa de apenas 1% este ano, caso da Quantitas Asset. Nesse contexto, as apostas de corte mais firme da Selic no Copom de maio ressurgiram. Segundo o economista-chefe do Haitong Flávio Serrano, a curva apontava - 56 pontos-base, 25% de chance de queda da taxa básica em 0,75 ponto porcentual e 75% de possibilidade de redução de 0,5 ponto. Ontem, a curva mostrava 70% de chance de queda de 0,5 ponto e 30% de corte de 0,25 ponto. No decorrer do dia, principalmente à tarde, a desinclinação da curva ganhou impulso na medida em que o dólar passou a oscilar abaixo de R$ 5,50. "O alívio finalmente hoje chegou ao câmbio, que estava isolado em relação aos demais ativos e com certeza ajudou os juros a recuarem", disse Renan Sujii, estrategista-chefe da Harrison Investimentos. Os profissionais citaram ainda como fator positivo a nomeação de André Mendonça, que chefiava a Advocacia-Geral da União (AGU), para o lugar se Sérgio Moro no comando da Justiça e Segurança Pública. "É um nome mais técnico, o que reduz um pouco o ruído político", disse Sujii, lembrando que havia receio com a possibilidade de assumir a pasta o atual ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Jorge Oliveira, próximo da família Bolsonaro. (Denise Abarca - denise.abarca@estadao.com)

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