Economia

''Houve mal entendido'', diz Guedes sobre atrito com Braga Netto

A tensão se instalou no governo depois que a Casa Civil apresentou um plano de retomada econômica para o pós-coronavírus que vai na contramão da agenda da equipe econômica

Correio Braziliense
postado em 29/04/2020 10:49

Braga Netto, Bolsonaro e Paulo GuedesO ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou minimizar nesta quarta-feira (29/4) a tensão que se instalou no governo depois que a Casa Civil apresentou um plano de retomada econômica para o pós-coronavírus que vai na contramão da agenda da equipe econômica.

Guedes disse que “houve um mal entendido” com a apresentação do Pró-Brasil do ministro Braga Netto. Ele garantiu que vai continuar com a agenda liberal e de ajuste fiscal depois da pandemia da Covid-19.

 

Em live promovida pelo Mercado & Consumo Alerta, nesta quarta-feira (29/4), Guedes afirmou que o plano apresentada na semana passada pela Casa Civil, que prevê bilhões de reais em investimentos públicos nos próximos anos, na verdade representa apenas os pleitos dos diversos ministérios do governo de Jair Bolsonaro.

Pleitos que, segundo Guedes, ainda precisam passar pelo crivo do Ministério da Economia e do presidente Jair Bolsonaro - os responsáveis por dizer se há ou não dinheiro para atender essas demandas, de acordo com o ministro da Economia.

 

“O que acontece é que o general Braga Netto é o chefe da Casa Civil. É o que homem que tem que compatibilizar todos os programas setoriais. Independente dessa crise, todo ministério tem projeto setorial. Ele tem que compatibilizar esses projetos. Ano passado foi igual. Mas a gente senta. A Economia diz quanto tem de recurso. A Casa Civil tira a encomenda, os pedidos e senta comigo, sob orientação do presidente da República, que diz vai mais recurso para isso, menos para isso. E senta com a Economia, que tem o programa de ações de recurso e faz a programação”, afirmou Guedes.
Indicando que essa conversa entre a Casa Civil e a Economia não aconteceu ainda. “O que aconteceu é que ele pegou os pedidos e anunciou a programação. Foi anunciado como um programa com foco na retomada”, alegou.

Pró-Brasil

Guedes reconheceu que a apresentação do Pró-Brasil, sem a presença de nenhum membro da equipe econômica, pegou mal no mercado financeiro. Afinal, o mercado defende a agenda de ajuste fiscal e de reformas de Guedes e chegou até a especular que, diante desse plano e da saída de Sergio Moro do governo, a permanência do ministro da Economia no Executivo também estava incerta.

Guedes e os auxiliares, contudo, fizeram questão desde o começo de mostrar que não estavam de acordo com o plano da Casa Civil. E o ministro ganhou, nesta semana, o “aval” do presidente Jair Bolsonaro para continuar com a sua agenda de reformas.

O ministro da Economia reforçou nesta quarta-feira, portanto, que conhece o “caminho da prosperidade” e que vai continuar nesse rumo. Ele disse até que a crise do novo coronavírus só reforçou a necessidade de fazer reformas, como o pacto federativo, a reforma tributária e a revisão de marcos regulatórios - reformas que, segundo a equipe econômica, vão descentralizar recursos públicos e aumentar os investimentos privados no Brasil. 

 

“O caminho da retomada é pela simplificação e pela redução de impostos; pela redefinição dos marcos regulatórios, para estimular o investimento privado na economia. E não cavando um buraco mais fundo ainda em um governo quebrado. Estávamos consertando isso e agora alguém vai quebrar de novo?”, provocou Guedes.

Comparação com o PAC

O ministro comparou o programa Pró-Brasil da Casa Civil ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do PT, um programa que, na visão do ministro, já cavou um buraco nas contas públicas brasileiras e não surtiu efeito. “O caminho do investimento público, o PAC, já foi trilhado e foi para o buraco. A solução para o buraco não pode ser cavar mais fundo, repetir a estratégia, fazer um novo PAC”, emendou Guedes. 

 

 

Guedes, que já disse que o governo não tem caixa para fazer um programa de investimento público como o Pró-Brasil,  ainda garantiu que o setor privado tem mais de R$ 1 trilhão disponível para investimentos estruturantes. E disse que o governo tem R$ 900 bilhões em ativos para serem concedidos, além de mais R$ 1 trilhão em imóveis que podem ser vendidos, para a iniciativa privada. Por isso, reforçou que é preciso focar na agenda de reformas que passa confiança ao mercado e pode trazer esses recursos privados para o Brasil.

 

"Vamos desmontar essa engrenagem equivocada e vamos transformar o estado brasileiro. Temos que acelerar a velocidade da transformação. E eu continuo com a mesma determinação, o mesmo entusiasmo. Vamos juntos atravessar essa onda [a crise do coronavírus], esse rio turbulento e vamos nos encontrar do lado de lá, vamos celebrar a vida e a retomada. E acho que em breve. O Brasil vai surpreender o mundo", concluiu Guedes, dirigindo-se aos empresários que acompanharam a live desta quarta-feira. O discurso foi classificada como "música para os ouvidos" pelo empresariado.

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