Correio Braziliense
postado em 30/04/2020 12:06
A crise do novo coronavírus, que atrasou todo o cronograma de privatizações, vai elevar a dívida pública a 90% do Produto Interno Bruto (PIB), disse, nesta quinta-feira (30/4), o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, Salim Mattar. Em videoconferência do Credit Suisse, ele afirmou que a solução para reduzir o endividamento do país, elevado pelos gastos com as medidas emergenciais de enfrentamento da pandemia de Covid-19, será por meio do programa de concessões, de reformas estruturantes e da venda de ativos da União. No entanto, ressaltou que, mesmo os projetos mais avançados, foram postergados por conta da crise.“Temos uma dificuldade de prazo. A Covid tornou as coisas mais difíceis, mas a forma de reduzir a dívida é a venda de ativos. Temos mais de R$ 1 trilhão em ativos imobiliários, mas a grande maioria são irregulares e precisamos regulamentar para vender”, explicou. De 750 mil imóveis, apenas 400 são regularizados, conforme Mattar. “Os outros ativos são as estatais, com potencial de R$ 900 bilhões. Mas a privatização é uma decisão de governo, acima de mim e acima do Paulo Guedes (ministro da Economia). Se o governo não quer vender a Caixa, a Petrobras e o Banco do Brasil, tem de vender o máximo de ativos. Se não for tudo, que seja R$ 500 bilhões. Nossos líderes terão que tomar essa decisão”, destacou.
Mattar disse que, para avançar com seu plano de desestatização, precisa convencer os ministros setoriais e angariar o apoio do Congresso. “As estatais do Ministério da Economia, Serpro, Dataprev, Casa da Moeda, foram colocadas à venda, porque o governo é um péssimo gestor. A Valec gastou R$ 8 bilhões para fazer um ferrovia que vendeu por R$ 2,2 bilhões. Estatal é uma má alocação de recursos”, disse.
Participações
O secretário disse que a orientação do governo é a União se desfazer de todas as participações da BNDESPar, subsidiária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Mas não agora. Hoje, seria realizar prejuízo. Existem excelentes ativos, mas fomos pegos pelo novo coronavírus. Terminando a crise, nós vamos nos desfazer de tudo. Não é papel do Brasil, com carência em todas as áreas, ter participação. Isso é para país que tem dinheiro sobrando. O Brasil não tem dinheiro sobrando.”
Mattar apresentou dados para provar que privatizar gera emprego. Segundo ele, antes de serem vendidas a Embraer tinha 9 mil empregados e a Vale, 10,6 mil. Hoje, as empresas têm 18 mil e mais de 70 mil respectivamente. “Não existe desemprego no setor público. São 12 milhões de servidores e 500 mil funcionários de estatais. Vendê-las é tornar o país mais ético e menos oneroso”, defendeu.
Saiba Mais
O BNDES cumpre um papel de estruturar os projetos e estava envolvido nisso, segundo Salim Mattar, quando surgiu a crise. “Parte do seu esforço foi direcionado para ajudar segmentos mais carentes que precisam de financiamento neste momento”, explicou.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.