Correio Braziliense
postado em 30/04/2020 15:18
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), apresentou o parecer do projeto de auxílio aos estados e municípios, com previsão de R$ 60 bilhões em repasses diretos de recursos da União aos governos locais. No texto, divulgado nesta quinta-feira (30/4), ele propõe como contrapartida o congelamento de salários de servidores públicos até 31 de dezembro de 2021. Ele pretende pautar a matéria no sábado (2/5) no plenário, em sessão remota.Nos próximos dois dias, os senadores vão avaliar a proposta e sugerir mudanças, por meio de emendas. Depois que o texto for aprovado, precisará voltar para a Câmara, por ter sido reformulado pelo Senado. A versão aprovada pelos deputados previa a liberação de cerca de R$ 90 bilhões, de acordo com a perda de arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS, estadual) e Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS, municipal) nos próximos três meses.
Em acordo com o governo, Alcolumbre propôs um repasse fixo. Os R$ 60 bilhões serão pagos em quatro parcelas mensais. O texto exige que R$ 10 bilhões sejam usados em ações de saúde e assistência social. A prioridade deve ser o pagamento de profissionais de saúde, como médicos e enfermeiros, mas essa parte do dinheiro pode ser usada também na contratação de pessoal ligado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Divisão
Desses R$ 10 bilhões, R$ 7 bilhões serão destinados aos estados e ao DF e R$ 3 bilhões, aos municípios. A primeira parte será dividida da seguinte forma: 60% de acordo com a taxa de incidência da Covid-19 no estado e os outros 40% serão pagos com base na população. A taxa de incidência mede o número de novos casos no local e serve como indicador da capacidade do sistema de saúde local acolher os infectados, explica o parecer.
"Supostamente, quando a taxa de incidência é muito alta é mais provável que o sistema de saúde colapse, levando à falta de leitos, respiradores e demais equipamentos. Esses são os locais onde devemos atuar com mais presteza", diz o texto. Já a fatia repassada de acordo com a população do estado privilegia os entes que, potencialmente, terão maior número absoluto de infectados e doentes.
A quantidade de habitantes será o único critério para divisão dos R$ 3 bilhões destinados aos municípios. O critério foi adotado para evitar medidas que estimulem ações que podem contribuir para espalhar o vírus, como liberação de quarentenas. Além disso, é mais difícil medir a taxa de incidência em nível municipal, segundo o relator.
Metade dos R$ 50 bilhões restantes vai ser repassada aos estados e ao DF e a outra metade, aos municípios. Os R$ 25 bilhões dos estados vão variar de acordo com arrecadação de ICMS, população, cota do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e valores recebidos como contrapartida pelo não recebimento de tributos sobre bens e serviços exportados.
A parte dos municípios será dividida com base na tabela dos estados (veja abaixo). "Usamos um critério semelhante para distribuir os R$ 25 bilhões entre os municípios. Também usaremos esta tabela como norte, a fim de estabelecer quanto será destinado para os municípios de cada estado. E dentro de cada estado, quanto cada município receberá, tendo em vista sua população", diz o documento.
Novas regras
Alcolumbre também propõe mudanças na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) como parte do que chama de Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus. O texto prevê ainda a suspensão de dívidas de estados, municípios e Distrito Federal com a União, entre 1º de março e 31 de dezembro deste ano. Os valores precisarão ser pagos a partir de 1º de janeiro de 2022.
Saiba Mais
> Veja a distribuição dos R$ 25 bilhões dos estados:
Acre: R$ 165,3 milhões
Alagoas: R$ 343,6 milhões
Amapá: R$ 133,8 milhões
Amazonas: R$ 521,9 milhões
Bahia: R$ 1,4 bilhão
Ceará: R$ 765,7 milhões
Distrito Federal: R$ 388,8 milhões
Espírito Santo: R$ 593,6 milhões
Goiás: R$ 952,1 milhões
Maranhão: R$ 610 milhões
Mato Grosso: R$ 1,1 bilhão
Mato Grosso do Sul: R$ 518 milhões
Minas Gerais: R$ 2,5 bilhões
Pará: R$ 913,4 milhões
Paraíba: R$ 373,4 milhões
Paraná: R$ 1,4 bilhão
Pernambuco: R$ 898 milhões
Piauí: R$ 334 milhões
Rio de Janeiro: R$ 1,7 bilhão
Rio Grande do Norte: R$ 368,5 milhões
Rio Grande do Sul: R$ 1,6 bilhão
Rondônia: R$ 279,3 milhões
Roraima: R$ 122,7 milhões
Santa Catarina: R$ 959,2 milhões
São Paulo: R$ 5,5 bilhões
Sergipe: R$ 261,3 milhões
Tocantins: R$ 250,4 milhões
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