Correio Braziliense
postado em 03/05/2020 09:47
O Senado aprovou na noite deste sábado, 2, o projeto de auxÃlio a Estados e municÃpios, que prevê a transferência de R$ 60 bilhões da União para os entes. O texto do projeto foi aprovado após lÃderes do Senado chegarem a um acordo que inclui o aumento da fatia destinada à s unidades da federação e a permissão de reajustes salariais a servidores da saúde e segurança.
Pelo acordo, dos R$ 50 bilhões que serão transferidos diretamente aos cofres de governos e prefeituras, a parcela das unidades da federação será de R$ 30 bilhões (60%), reduzindo para R$ 20 bilhões (40%) o montante destinado para cidades. Pelo texto apresentado anteriormente pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), relator da matéria, esse valor seria dividido igualmente, R$ 25 bilhões para Estados e outros R$ 25 bilhões para municÃpios.
O projeto prevê ainda que mais R$ 10 bilhões serão destinados para a saúde. Serão R$ 7 bilhões para Estados, divididos 60% de acordo com a população e 40% de acordo com a taxa de incidência do coronavÃrus de cada localidade. Outros R$ 3 bilhões irão para os municÃpios, considerando apenas o número de habitantes.
Enquanto Alcolumbre apresentava seu relatório sobre o projeto, lÃderes costuravam nos bastidores as mudanças no texto, que incluem ainda a suspensão do pagamento de dÃvidas previdenciárias dos entes com a União, que deve economizar R$ 5,6 bilhões para municÃpios, e mudanças na base de cálculo do Fundo de Manutenção da Educação Básica (Fundeb), também para beneficiar as prefeituras. As medidas para as cidades é uma tentativa de compensar a mudança na repartição da maior parte do bolo.
No último minuto, Alcolumbre colocou no texto a suspensão do recolhimento de contribuições patronais dos municÃpios aos regimes próprios de Previdência, o que terá que ser autorizado por lei municipal especÃfica.
Votação
Depois de disputas entre o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e a equipe do presidente Jair Bolsonaro, Alcolumbre disse que Maia se comprometeu a colocar em votação, na segunda-feira, 4, o texto do Senado. Qualquer alteração pelos deputados fará o texto voltar para o Senado.
Nesse ritmo, o projeto poderá seguir para sanção presidencial na terça-feira, 5, e a primeira parcela do pacote pode ser paga no dia 15 de maio, segundo o senador.
A aprovação do projeto de auxÃlio na Câmara levou a uma disputa entre Maia, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente Jair Bolsonaro. A equipe econômica considerava o projeto um "cheque em branco" já que previa a compensação de perdas arrecadatórias aos entes, sem limites.
Alcolumbre disse que Maia ficou "machucado" com a decisão do Senado de votar um outro projeto de auxÃlio, deixando de lado o texto da Câmara, mas disse que isso foi necessário para garantir que os entes recebam recursos.
"O Presidente da Câmara dos Deputados estava muito machucado com decisão do Senado, porque a casa desautorizou a decisão da Câmara dos Deputados.
Após crÃticas, Alcolumbre disse que a fórmula de distribuição dos R$ 10 bilhões que serão direcionados para a saúde é justa e "é o Ãndice da vida". Nesse cenário, o senador citou o seu Estado natal, beneficiado pelo critério, e disse que "infelizmente o Amapá está em primeiro lugar, mas queria estar em último". Além do Amapá, ele listou os Estados do Amazonas, Ceará, Roraima e Pernambuco como outras unidades federativas que serão beneficiadas por terem muitos casos e que, segundo ele, precisam de ajuda financeira imediata para estancar o crescimento da pandemia.
Alcolumbre também disse que as medidas de renegociação de dÃvida dos Estados ajudará Estados maiores, que queriam o aumento nas transferências diretas.
Economia
Além de receber R$ 60 bilhões em transferência direta de recursos, o governo estima que os Estados e municÃpios deixarão de pagar R$ 35 bilhões com a suspensão da dÃvida com a União entre março e dezembro deste ano. Os entes poderão ainda renegociar dividas com bancos públicos e organismos multilaterais, o que economizaria R$ 24 bilhões.
Como contrapartida, Estados e municÃpios ficarão impedidos de aumentar despesas com pessoal ou criar despesas obrigatórias até 2022, com exceção para aumento de despesas restritas ao perÃodo de calamidade, como contratação de médicos ou enfermeiros temporários. A estimativa da equipe econômica é que, baseado em aumentos dos anos passados, os Estados e municÃpios gastariam entre R$ 121 bilhões e R$ 132 bilhões e a União entre R$ 30 e 40 bilhões se forem dados reajustes.
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