Correio Braziliense
postado em 04/05/2020 17:34
A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) encerrou o primeiro pregão de maio no vermelho e voltou a ficar abaixo dos 80 mil pontos. O aumento das incertezas nos mercados interno e externo fez o Índice Bovespa recuar mais de 3% ao longo do dia, mas o principal indicador da B3 fechou com queda de 2,02%, nesta segunda-feira (04/05), a 78.876 pontos.
As ações das empresas do setor aéreo lideraram as perdas. Os papéis de Embraer, Gol e Azul registram queda de 12,87%, 10,75% e 10,08%, respectivamente. Enquanto isso, o dólar teve alta de 1,52, e encerrou o dia cotado a R$ 5,521 para a venda. O Índice Dow Jones ficou praticamente estável em Nova York, com alta de 0,11%.
O Índice Dow Jones ficou praticamente estável em Nova York, com alta de 0,11%, mas as bolsas europeias também encerraram no vermelho diante da volta de atritos entre China e Estados Unidos aumentaram as tensões sobre uma retomada do comércio global, com novas acusações do governo norte-americano de que os chineses teriam desenvolvido a Covid-19, pandemia provocada pelo novo coronavírus, em um laboratório em Wuhan.
Na avaliação de analistas, a retomada dessa guerra comercial não era esperada e isso mexeu com os mercados. Mas eles reconheceram também que as manifestações antidemocráticas de domingo e a radicalização do discurso do presidente Jair Bolsonaro contra o Legislativo e o Judiciário deixaram operadores bastante preocupados nesse cenário de retração da economia global já contratada devido à Covid-19 e apostam no câmbio daqui para frente. “O fim de semana foi cheio de turbulências entre Estados Unidos e China e aqui está cada vez mais clara uma crise institucional e política que tem piorado as expectativas de recuperação do mercado doméstico”, explicou a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour.
“Grande parte desse movimento de queda foi resultado da precificação do que aconteceu na sexta-feira, quando os ADRs (American Depositary Receipts) brasileiros, que recuaram mais de 4% e, por conta disso, o IBovespa acabou caindo também hoje”, afirmou Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. Para ele, o mercado externo mais incerto tem deixado a B3 e o câmbio bastante voláteis do que o cenário político interno. “Há muitas incertezas e não podemos prever o que virá em maio”, afirmou.
No acumulado do ano, as perdas na B3 somaram 31,78%, anulando os ganhos de 31,6% registrados em 2019. As perdas das ações listadas na bolsa desde janeiro somam R$ 1,29 trilhão. Em abril, o Ibovespa registrou alta de 10,35%, o melhor abril desde 2009 e o sexto melhor desde o Plano Real, de acordo com a Economática. A consultoria informou ainda que, ao subir 34,64% no primeiro quadrimestre de 2020, o dólar teve a terceira maior valorização desde 1994.
Debandada
A falta de confiança na recuperação da economia brasileira diante da pandemia de Covid-19, tem feito os investidores estrangeiros partirem em debandada do mercado de ações brasileiro. Conforme dados da B3, até o último dia 29, a saída dos aplicadores não residentes somou R$ 68,7 bilhões, quase o dobro dos R$ 44,6 bilhões retirados da Bolsa brasileira no ano passado.
“Os investidores estão saindo por conta da perspectiva de crescimento muito baixo e aqui a tendência é demorar mais para sair da crise devido à incerteza fiscal e política”, explicou Solange. Ela reforçou que o real é a moeda dos países emergentes que mais tem perdido valor neste ano. Há um movimento de valorização do dólar frente às moedas de países emergentes, mas o real é o que mais tem registrado perdas devido à questão política e fiscal no Brasil. A incerteza é enorme e há uma expectativa de que as medidas recentes adotadas pelo governo, como o benefício emergencial, deverão ter impacto nas contas públicas mais prolongado do que os três meses previstos pelo governo”, destacou a economista. A analista prevê queda de 5% no Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e a dívida pública bruta chegando a 92% do PIB. Contudo, admite que esses dados pode ser revistos e, “para pior”.
Saiba Mais
A maioria das apostas do mercado é de uma redução de 0,5 ponto percentual na taxa básica, passando de 3,75% para 3,25% ao ano. Para Solange, a Selic poderá chegar a 2,75% no fim do ano. Pelas projeções de Marcos Ross, economista da XP Investimentos, o BC deverá ser mais conservador e limitar o corte de 0,50 ponto percentual em maio, mantendo a Selic em 3,25% até dezembro.
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