Economia

Dólar volta a subir e pode chegar a R$ 6 nesta quinta-feira

Um dia após a decisão do Copom de reduzir a Selic para 3%, moeda norte-americana segue valorizada e bate novo recorde. Bolsa sobe, puxada por ações de empresas exportadoras

Correio Braziliense
postado em 07/05/2020 11:15
DólaresUm dia após o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, reduzir da taxa de juros básica (Selic) de 3,75% para 3% ao ano, o dólar voltou a subir com força. Logo após a abertura dos mercados nesta quinta-feira (7/5), a divisa norte-americana ultrapassou a barreira de R$ 5,80, registrando alta de 2,82%, cotado a R$ 5,87

Para o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, a escalada do dólar deve continuar, com a moeda podendo romper R$ 6 como consequência do corte na Selic, “porque os juros mais baixos não vão surtir o efeito desejado na economia e isso pode estressar ainda mais o mercado de câmbio”.

A decisão do Comitê foi usada frente aos riscos, na avaliação da equipe de economistas do Itaú Unibanco. “Isso aconteceu apesar da depreciação de mais de 20% do real desde a reunião anterior e após sinais de que a deterioração da política fiscal pode ser mais persistente que o esperado. Além disso, as autoridades indicaram que dois membros do Comitê eram a favor de um corte ainda mais ousado e que a decisão de 0,75 ponto percentual foi um ajuste ‘moderado’”, destacou comunicado do banco divulgado hoje. A instituição espera que o Banco Central reduza a taxa Selic para 2,25% ao ano na próxima reunião, “patamar que deve ser mantido até o fim do ano”.

O corte de 0,75 ponto percentual ficou acima da maioria das projeções do mercado, o que, na avaliação do economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, foi uma decisão na condução da política monetária mais “hawkish” (mais agressiva) do Banco Central.  “O Brasil, no geral, está caminhando rapidamente para um território financeiro inexplorado com taxas reais nulas. A economia nunca operou em tal ambiente. Pode acontecer que o novo território seja favorável ao mercado e hospitaleiro, mas não sabemos até que operemos lá um pouco”, destacou.

Após registrar queda de 0,51% na véspera, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) abriu o pregão de hoje praticamente estável, registrando alta de 0,06% com menos de 10 minutos de pregão, a 79.108 pontos enquanto a bolsa de tecnologia de Nova York, a Nasdaq subiu 0,51%. Em menos de uma hora depois, diante da escalada do dólar, a B3 subia 0,87% e estava em 79.752 pontos, puxada por ações de empresas exportadoras, como Suzano e Klabin, que registravam alta de 8,91% e 6,46%, respectivamente. A Marfrig, depois de subir 10% na abertura dos mercados, registrava alta de 6,01%.

Na avaliação do economista Sidnei Nehme, o mercado ontem “valorizou explicitamente em demasia” a decisão da agência de rating Fitch de rebaixar a perspectiva da nota de risco do Brasil de estável para negativa, e foi comedido, na margem, “sem alardear”, com atitudes e reações defensivas,  o fato do surgimento do risco político latente e altamente prejudicial para a visão prospectiva em torno do país. “A incerteza e a insegurança são fatores determinantes de retração de investimentos, tanto nacionais quanto estrangeiros, por isso é bastante improvável se projetar recuo no preço do dólar no nosso mercado, ainda mais quando se reduziu a taxa Selic em mais 0,75 ponto percentual passando-a para 3,00% (ao ano) e deixando aberta a possibilidade de novo corte  no mínimo trazendo-a para 2,50% (anuais) ou menos”, afirmou.

Saiba Mais

Enquanto o dólar fazia nova escalada, os juros mais curtos tinham queda e os mais longos subiam. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 recuava de 2,74% para 2,54% ao ano e ; a do DI para janeiro de 2022 caía de 3,53% para 3,43% anuais. Os juros do contrato para janeiro de 2025 passavam de 6,40% para 6,51% ao ano; e os do contrato para janeiro de 2027 avançavam de 7,35% para 7,52% ao ano.

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