Correio Braziliense
postado em 07/05/2020 12:09
O Ãndice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alcançou média de 165,5 pontos em abril, queda de 5,7 pontos (3,4%) ante março e o menor valor desde janeiro de 2019. O recuo mensal é o terceiro consecutivo e reflete, principalmente, vários impactos negativos nos mercados internacionais de alimentos decorrentes da pandemia do novo coronavÃrus.
O resultado mensal, segundo a FAO, foi pressionado em grande parte por uma queda acentuada nos preços de todos os subÃndices, em especial o de açúcar e com exceção do subÃndice de cereais que registrou leve baixa.
O subÃndice de preços dos Cereais registrou média de 164 pontos em abril, queda marginal frente ao mês anterior, mas ainda alta de quase 4 pontos (2,4%) em relação a abril de 2019. De acordo com a organização, os preços internacionais de trigo e arroz aumentaram significativamente em abril, mas uma queda acentuada nas cotações de milho, manteve o valor geral do subÃndice de cereais próximo ao seu nÃvel no mês anterior.
"Os preços do trigo tiveram uma média 2,5% maior em relação ao mês anterior, refletindo a forte demanda internacional em meio a relatórios de um rápido cumprimento da cota de exportação da Rússia, que foi implementada no fim de março e não deve ser ajustada até o fim da atual temporada comercial em 30 de junho", destacou a FAO.
Na mesma linha, os preços mundiais do arroz aumentaram 7,2%, em virtude da imposição de restrições temporárias à exportação e gargalos logÃsticos em alguns fornecedores, "embora os aumentos tenham sido limitados pelo abrandamento e eventual revogação dos limites de exportação, nomeadamente no Vietnã, no fim do mês", ponderou a FAO.
A organização informou ainda que, em compensação, os preços internacionais do milho caÃram pelo terceiro mês consecutivo, diminuindo o valor geral do Ãndice de grãos duros em 10% em relação ao mês anterior. A queda brusca no preço do cereal é atribuÃda pela FAO à ampla oferta de exportação, em virtude da colheita da safra de verão na América do Sul, em meio ao enfraquecimento na demanda pelo cereal para alimentação animal e produção de etanol.
O levantamento mensal da FAO também apontou que o subÃndice de preços dos Óleos Vegetais registrou média de 131,8 pontos em abril, queda de 7,2 pontos (5,2%) em comparação com março, atingindo o menor nÃvel desde agosto de 2019. "A terceira queda mensal consecutiva no subÃndice reflete principalmente a desvalorização dos óleos de palma, soja e canola, enquanto o óleo de girassol se fortaleceu", enfatizou a entidade.
O declÃnio contÃnuo nos preços do óleo de palma foi impulsionado pela queda nas cotações internacionais do petróleo e pela lenta demanda global pelo produto nos setores de alimentos e energia, por causa da pandemia da covid-19. O enfraquecimento da demanda também pressionou os preços dos óleos de soja e canola.
"As cotações do óleo de soja também foram afetadas por esmagamentos acima do previsto nos Estados Unidos", informou a FAO.
No caso do óleo de girassol, as cotações internacionais se girassol se recuperaram em abril, sustentadas pela firme demanda de importação em meio a preocupações com o aperto da oferta de exportação, segundo a organização.
Na sondagem mensal da FAO, o subÃndice de preços das Carnes apresentou média de 168,8 pontos em abril, o que indica queda de 4,7 pontos (2,7%) em relação a março, "marcando o quarto declÃnio mensal consecutivo".
Conforme a FAO, no mês de abril, as cotações internacionais para todos os tipos de carne caÃram, uma vez que a recuperação parcial da demanda de importação, principalmente na China, foi insuficiente para compensar a queda nas importações de outros paÃses, causada pela dificuldade econômica relacionada à covid-19 e por gargalos logÃsticos, e a queda acentuada na demanda do setor de serviços de alimentação devido à s restrições de circulação de pessoas.
"Não obstante os nÃveis reduzidos de processamento de carne, à medida que a escassez de mão-de-obra aumentava, as vendas decadentes de restaurantes levaram ao aumento do estoque e nas disponibilidades de exportação, o que também pesou sobre as cotações das carnes", explica a FAO.
O subÃndice de preços de LaticÃnios, por sua vez, registrou média de 196,2 pontos em abril, queda de 7,3 pontos (3,6%) em relação ao registrado em março. É a segunda baixa mensal consecutiva. Nesse nÃvel, o subÃndice está 18,8 pontos (8,8%) abaixo do mês correspondente do ano passado. Em abril, as cotações internacionais de manteiga, leite em pó desnatado e leite em pó integral caÃram mais de 10%, pressionados pelo aumento das disponibilidades de exportação e alta dos estoques em meio ao enfraquecimento na demanda de importação.
"Com a produção de leite no Hemisfério Norte normalmente subindo nessa época do ano, a queda nas vendas de restaurantes e a menor demanda pelos fabricantes de alimentos também pesaram nos preços", informa a FAO.
Em contrapartida, de acordo com a organização, as cotações do queijo se recuperaram moderadamente em virtude da oferta limitada na Oceania, onde a produção está caindo sazonalmente.
A organização calculou, ainda, que o subÃndice de preços do Açúcar ficou, em média, em 144 pontos em abril, queda de 24,7 pontos (14,6%) em relação a março. "Marcando a segunda queda mensal consecutiva. Essa queda mais recente ocorreu principalmente por causa do colapso dos preços internacionais do petróleo", ressalta a FAO.
Segundo a entidade, a queda nos preços do diesel pode resultar em maior volume de cana destinado pelas usinas à produção de açúcar em detrimento da produção de etanol, aumentando assim a oferta disponÃvel de açúcar para exportação. "Além disso, uma contração na demanda de açúcar decorrente das medidas de confinamento impostas em vários paÃses para conter a covid-19 gerou uma pressão descendente adicional sobre os preços mundiais do adoçante", conclui a organização.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.