Economia

Banco Central monitora sistema temendo falta de dinheiro em bancos

Diante do alto volume de saques dos R$ 600, a autoridade monetária perguntou se a Casa da Moeda pode antecipar a entrega de novas cédulas

Correio Braziliense
postado em 10/05/2020 20:02
Diante do alto volume de saques dos R$ 600, a autoridade monetária perguntou se a Casa da Moeda pode antecipar a entrega de novas cédulasO volume de brasileiros que foi às agências da Caixa Econômica Federal (CEF) nos últimos dias para fazer o saque em espécie do auxílio emergencial de R$ 600 fez o Banco Central (BC) ligar o alerta sobre a possível falta de dinheiro em papel nos bancos brasileiros. A autoridade monetária já perguntou até se a Casa da Moda pode acelerar a produção de dinheiro para poder criar um estoque de segurança e, assim, afastar esse risco.

Segundo a Caixa Econômica Federal (CEF), mais de 6,9 milhões de brasileiros já fizeram o saque em espécie do auxílio emergencial. Considerando que cada um desses brasileiros tem direito a pelo menos R$ 600, o volume total de retiradas supera, portanto, a marca dos R$ 4 bilhões. Mas a quantidade de dinheiro que entrou em circulação desde que o auxílio emergencial começou a ser pago é muito maior.

Dados do Sistema de Administração do Meio Circulante (Sismecir) do Banco Central revelam que o volume de dinheiro em circulação no Brasil aumentou em R$ 36,4 bilhões desde que o benefício começou a ser pago. É  praticamente o mesmo valor que a Caixa destinou aos 50,5 milhões de brasileiros que já receberam a primeira parcela do auxílio emergencial: R$ 35,5 bilhões.

Isso porque, em 09 de abril, o primeiro dia de pagamentos do auxílio emergencial, havia R$ 273 bilhões em circulação no Brasil. Já no dia 27 de abril, quando foi liberado o saque em espécie dos R$ 600 para quem não conseguiu movimentar o auxílio pelos canais virtuais do banco, eram R$ 279 bilhões. E, na última sexta-feira (08/05), quando 6,7 milhões de brasileiros já haviam sacado os R$ 600 em uma agência da Caixa, o volume de dinheiro em circulação chegou a R$ 309,49 bilhões. O número é 27% maior que o registrado no mesmo período do ano passado: R$ R$ 242,9 bilhões.

E tudo indica que esse número pode continuar crescendo. Afinal, pelo menos oito milhões de pessoas devem entrar na lista de beneficiados dos R$ 600 nas próximas semanas, segundo os cálculos do Ministério da Cidadania. E todo esse pessoal vai receber, em breve, a segunda parcela do auxílio emergencial, além da terceira parcela prevista para junho.

Não bastasse isso, nem todo o dinheiro que existe no Brasil está sendo movimentado. É que, de acordo com o Banco Central, o fenômeno do entesouramento cresceu durante a pandemia do coronavírus. Ou seja, o número de pessoas que guarda dinheiro em casa, como uma forma de se precaver para alguma emergência.

Por isso, a autoridade monetária está procurando formas de criar um estoque de segurança que previna os bancos brasileiros de qualquer risco de falta de dinheiro em espécie. E, para isso, perguntou se a Casa da Moeda poderia antecipar a entrega das novas cédulas previstas para entrarem em circulação ao longo deste ano.

"O BC fez consulta à Casa da Moeda quanto à viabilidade de antecipação das entregas previstas dentro da programação de produção anual de cédulas para construir estoques de segurança e mitigar eventuais consequências do fenômeno de entesouramento que se observa desde o início da pandemia", informou a autoridade monetária.

O Banco Central garantiu, por sua vez, que "até o momento, os estoques de numerário foram suficientes para atender as demandas" da população brasileira. "O BC tem dialogado com seu custodiante (BB), Caixa e demais instituições financeiras para acompanhar a movimentação do meio circulante e prover seu adequado atendimento", acrescentou.

Saiba Mais

Procurada, a Caixa Econômica Federal - que é a responsável pelo pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 e também está fazendo, junto com o Banco do Brasil, o pagamento do benefício de seguro-desemprego que o governo liberou para os trabalhadores que tiveram o contrato de trabalho suspenso ou o salário reduzido durante a pandemia da covid-19 - informou que também " trabalha para que não haja ausência de cédulas em suas unidades".

Segundo a Caixa, para isso são feitos "estudos que consideram os perfis de pagamento e recebimento das agências e a logística para abastecimento". E, com base nesses dados, "são adotadas ações preventivas para que as unidades com alto perfil de saque sejam abastecidas para atendimento aos clientes".

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags