Economia

A longa espera pelo auxílio emergencial

Caixa Econômica Federal diz estar pronta para depositar a segunda parcela dos R$ 600, inicialmente prevista para 27 de abril. Mas o calendário permanece indefinido no Ministério da Cidadania. Defesa vai investigar o pagamento indevido a 189 mil militares

Correio Braziliense
postado em 12/05/2020 04:04
Fila para receber auxílio emergencial em Paulista, na região metropolitana de Recife: menos da metade dos pedidos foram aceitos pelo aplicativo

 

 

Quatorze dias após a data marcada para o governo começar a pagar a segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600, sequer foi anunciado o calendário para o início da compensação aos brasileiros mais prejudicados pela crise econômica, causada pela pandemia do coronavírus. O atendimento não tem chegado à população. A taxa de rejeição é muito alta, pelos números divulgados pela Caixa Econômica Federal. No Cadastro Único, dos 32,1 milhões inscritos,  10,5 milhões foram aceitos (os outros estão “inelegíveis”). Pelos aplicativo e site, dos 44,9 milhões de pedidos processados, 20,3 milhões conseguiram.

Por meio de nota, a Caixa informou que “está preparada para o crédito da segunda parcela do auxílio emergencial e aguarda a definição de um novo calendário por parte do Ministério da Cidadania”. No entanto, destacou que a responsabilidade pela análise de quem está apto é da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev). De acordo com a Dataprev, 13,6 milhões de necessitados ainda estão fazendo ajustes no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e 10,7 milhões não atenderam os requisitos (alguns têm vínculo empregatício ou ganham outro auxílio do governo federal, como aposentadoria e pensão). Procurado pelo Correio, o Ministério da Cidadania não se manifestou até o fechamento desta edição.

Durante audiência pública remota do Senado Federal, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, destacou que 3,5 milhões de pessoas ainda não sacaram a primeira parcela do auxílio de R$ 600. “Dos 50 milhões aprovados para receber o benefício, 94% já receberam o dinheiro e 6% continuam com o valor no banco por algum motivo”, informou. Isso porque cerca de 7 milhões não conseguem usar o aplicativo sozinhos, não têm acesso e precisam de ajuda, admitiu.

Desde 9 de abril, início do pagamento, R$ 35,5 bilhões foram creditados para 50 milhões de pessoas e 94% dos beneficiários fizeram algum tipo de movimentação, disse Guimarães. A Caixa esclareceu, também, que não é necessário madrugar em filas. Todos as pessoas que comparecerem às agências 8 horas e 14 horas serão atendidas no mesmo dia.

Novo aplicativo

Para explicar por que muitas pessoas não conseguem acessar o sistema, o banco divulgou que uma nova versão do aplicativo. Segundo explicou a Caixa, os beneficiários que recebem pela poupança social digital precisam fazer a atualização na loja de aplicativos para ter acesso às novas funcionalidades. Além da alternativa para saque sem cartão, a nova versão permite maior número de acessos simultâneos. A capacidade inicial do aplicativo era em torno de 200 mil conexões simultâneas. Agora, foi ampliada para 500 mil conexões simultâneas.

A Caixa lembrou, ainda, que os beneficiados que optarem pelo o saque em espécie devem gerar um código autorizador (com validade de duas horas) pelo Caixa Tem e ir à agência ou casa lotérica para a retirada. Para o saque, é preciso apesentar o CPF e documento de identificação com informações de nome, data de nascimento, filiação, assinatura - com número, órgão emissor, data e prazo de validade. Serão aceitos Carteira de Identidade, Carteira Nacional de Habilitação (CNH); Registro Civil de Nascimento (RCN); Carteira de Trabalho e Previdência Social; carteira funcional de repartições públicas ou de órgãos de classe de profissionais liberais; e passaporte brasileiro, dentro do prazo de validade.




Seguro-desemprego tem alta de 22%

Os pedidos de seguro-desemprego cresceram 22,1% em abril de 2020 (748.484) em relação ao mesmo mês de 2019 (612.909), segundo dados do Ministério da Economia divulgados ontem. A maioria dos beneficiários é homem (57,1%), entre 30 a 39 anos (33,1%), com ensino médio completo (62,4%). Em relação aos setores econômicos, serviços saiu em primeiro lugar, com 41,6% das solicitações, seguido por comércio (27,7%), indústria (19,9%) e agropecuária (3,7%). São Paulo (217.247), Minas Gerais (85.990) e Rio de Janeiro (58.945) tiveram maior proporção de requerimentos presenciais. Pela internet, foram Amazonas (98,9%), Acre (98,5%) e Rio de Janeiro (97,8%). Entre janeiro e abril deste ano, 2.337.081 trabalhadores formais recorreram ao seguro-desemprego, o que representa alta de 1,3% em comparação com o acumulado no mesmo período de 2019 (2.306.115).




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