Economia

Ibovespa tenta segurar alta em dia de vencimento de opções

Correio Braziliense
postado em 13/05/2020 11:46
O Ibovespa desacelerou a alta, diante da instabilidade das bolsas em Nova York que em sua maioria adotaram um tom negativo após as palavras do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell. O reforço de que o período de recuperação da economia norte-americana não será fácil, feito pela autoridade monetária, corrobora preocupações de investidores quanto ao tema. Porém, a afirmação da autoridade monetária de que continuará agindo para amenizar os impactos do novo coronavírus tenta limitar um pouco as perdas das bolsas em Nova York. Dow Jones cedia 0,53% e S&P 500 caía 0,15%, enquanto Nasdaq subia 0,52%, às 11h29. O Ibovespa avançava 0,75%, aos 78.433,94 pontos, após máxima aos 78.911,28 pontos mais cedo. Em meio a especulações de juro negativo no país, Powell disse que os dirigentes do Fed são unânimes de que isso não é uma postura atrativa. Segundo ele, é preciso - e o país irá, segundo ele, voltar a um caminho fiscal sustentável após a crise. "Vai levar algum tempo para voltar para onde estávamos antes da crise", disse. Também afirmou que a busca por qualidade deixou problemas de liquidez em várias economias. "Foi um tom um pouco mais pessimista, em meio a um cenário de dúvidas quanto a uma segunda onda de disseminação do novo coronavírus", avalia Eduardo Guimarães, especialista em ações na Levante Ideias de Investimentos. A deterioração das contas públicas também continua sendo uma preocupação no Brasil, bem como o quadro fraco da atividade. Em entrevista ao Broadcast, o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, disse que não haver espaço fiscal para o País gastar mais. Em sua visão, o desemprego vai aumentar, bem como a pobreza, e que é preciso de política social mais forte. Quanto à atividade, Guimarães pondera que ainda que as vendas varejistas em março tenham caído, o resultado, de forma geral, ficou menos negativo que o esperado. O desempenho das vendas do comércio restrito no período ante fevereiro, por exemplo, cedeu 2,5%, ficando menos negativo que a mediana de 4,7% das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast, intervalo de -16% a alta de 0,8%. Já as vendas do ampliado, que levam em conta ainda vendas de veículos e de material de construção, recuaram 13,7%, também apresentando queda menos intensa que a mediana de declínio de 7,5% das projeções (-25% a -2,6%). "É uma primeira leitura, e que pode estar ajudando a Bolsa a subir", acrescenta o analista. A valorização, contudo, pode ter fôlego curto ou ser claudicante, já que hoje é dia de vencimento de opções do índice, o que normalmente provoca instabilidade sobretudo nas ações de blue chips como Vale e Petrobrás. Aliás, esta última ainda tem outro fator, que é a queda do petróleo no exterior, após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) acentuar sua projeção de recuo para a demanda mundial da commodity, por conta dos efeitos da pandemia. As ações da Petrobrás cedia, enquanto as da Vale subiam há pouco, apesar do fechamento perto da estabilidade do minério de ferro no porto de Qingdao, na China, com recuo de 0,04%, a US$ 91,63 a tonelada. "Mas o cenário político inspira cuidados", alerta Luiz Roberto Monteiro, operador de mesa institucional da Renascença. A instabilidade política prossegue e há a expectativa dos desdobramentos da exibição do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, na qual o ex-ministro da Justiça Sergio Moro acusa o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal. O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, fixou prazo de 48 horas para que Moro, o procurador-geral da República, Augusto Aras, e a Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestem sobre o levantamento do sigilo - total ou parcial - do vídeo. Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), encaminhou ontem à noite um pedido para que o ministro Celso de Mello rejeite uma ação movida por dois advogados que cobram uma análise imediata do impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Nesta manhã, ao sair do Alvorada, Bolsonaro disse estar preocupado com o número de mortes pela covid-19 no País. A renovação de recordes continua, com o País ocupando a sexta colocação no ranking mundial de nações onde mais pessoas morreram por conta do novo coronavírus - já são mais de 12 mil mortes. O número de infectados supera 177 mil. O presidente disse que conversará com o ministro da Saúde, Nelson Teich, sobre o uso de cloroquina no tratamento da doença. De novo, o presidente defendeu a saída da população de casa neste momento, mas fazendo um equilíbrio, de certa forma. "Fica em casa para quem pode 'legal'; quem não tem condições, geladeira está vazia". Afirmou ainda que não citou a palavra 'polícia federal" no vídeo gravado com o ex-ministro Moro.

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