Correio Braziliense
postado em 13/05/2020 18:39

Pedro Galdi, analista da Mirae Asset Investimentos, ressaltou que, no cenário externo, as bolsas começaram bem o dia, mas foram caindo durante o pregão. “Relativamente bem, afinal, tem muito ruído. O fato de países que estão saindo do isolamento registrarem aumento da doença deu certa preocupação”, destacou. Segundo ele, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a fazer campanha política, ameaçando a China, enquanto Powell, do Fed, reforçou que a situação é dramática. “Ele fala que o banco terá de ajudar, mas não diz se vai reduzir juros, que é o que Trump quer. Isso tudo desanimou os mercados. E, aqui, a Bolsa olha lá para fora.”
Na opinião de Cristiane Fensterseifer, analista de ações da casa de análise Spiti, o Ibovespa começou em alta e virou acompanhando as bolsas americanas, após o discurso do presidente do Fed. “No Brasil, o quadro é agravado pelas questões fiscais e políticas, que andam complicadas, além do aumento diário no número de casos e mortos pela pandemia”, afirmou. Os ativos da Petrobras (-3,03%), junto com os preços do petróleo e papéis dos bancos, foram os destaques de queda. A alta do dólar, segundo ela, ajudou as ações de empresas exportadoras, que subiram quase 12%. “Ainda no exterior, na Europa, o PIB do Reino Unido caiu 5,8% em março e a produção industrial teve baixa de 11,4% na União Europeia frente ao ano anterior”, comentou.
Projeções negativas
Com os efeitos negativos na economia da pandemia de coronavírus somados à tensão política dos desdobramentos da demissão do ex-ministro Sérgio Moro e da revelação do conteúdo da reunião ministerial, o dólar pode chegar a R$ 6,50 no curto prazo, estimam especialistas. Segundo André Perfeito, economista-chefe da Necton, a moeda norte americana testa novos patamares a cada pregão. “O dólar chegou a bater R$ 5,95 na máxima do dia e isso força mais uma revisão de cenário”, avaliou.
Perfeito disse que o dólar tende a subir por três motivos básicos no curto prazo: a queda dos juros em 2020 -- a Selic (taxa básica) pode chegar a 2,25% já na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central); o fluxo estrangeiro negativo para o mercado de capitais já chega a US$ 61 bilhões negativos; e as tensões políticas, que devem piorar ao longo dos próximos dias. “Tudo isso sugere pressões adicionais e sinalizamos que o dólar deve testar o patamar de R$ 6,30 (R$ 6,27 para ser exato dentro da análise gráfica de nossa equipe). Isto representa uma alta de aproximadamente 6% ao longo dos próximos dias”, assinalou.
Saiba Mais
André Perfeito ressaltou que os cortes da Selic não terão o impacto desejado de incentivar a economia e terão efeito deletério no câmbio. “O fluxo negativo para o Brasil é resultado de uma maior aversão ao risco. O ponto que me preocupa agora é a questão política que deve ganhar fôlego nos próximos dias com uma eventual divulgação da filmagem da reunião ministerial onde o presidente Bolsonaro supostamente pressiona o ex-ministro Sérgio Moro a interferir na Polícia Federal”, disse.
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