Correio Braziliense
postado em 14/05/2020 04:04
A pandemia fez o varejo brasileiro ficar no vermelho em março, após 11 meses consecutivos de alta. O baque foi de 2,5% nas vendas, o maior para o mês de março, desde 2003. E foi ainda mais expressivo no comércio varejista ampliado, que inclui as vendas de veículos e de material de construção: desabou 13,7% em relação a fevereiro, no pior resultado da série histórica.
O resultado foi divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) e reflete a redução da demanda provocada pelo isolamento social, que provocou o fechamento do setor nas principais cidades do país, a partir da segunda quinzena de março. E, segundo o levantamento, só não foi maior por conta da venda de bens essenciais, que continuou em operação e registrou até aumento de demanda.
De acordo com o IBGE, as vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e tabaco cresceram 14,6% em março. Já as vendas de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos avançaram 1,3%. Porém, as outras oito atividades varejistas pesquisadas fecharam no vermelho.
A maior contração foi registrada no segmento de tecidos, vestuário e calçados, cujas vendas desabaram 42,2%. Mas a queda também foi grande em outros segmentos: nas vendas de livros, jornais, revistas e papelaria, o tombo foi de 36,1%; - 27,4% em artigos de uso pessoal e doméstico; -25,9% em móveis e eletrodomésticos; -14,2% em equipamentos e material para escritório, informática e comunicação; e -12,5% em combustíveis e lubrificantes.
Quando se olha para o comércio varejista ampliado, o cenário é desolador. As vendas de veículos, motos, partes e peças caíram 20,8% em março. O impacto foi o maior desde julho de 2017 e interrompeu uma sequência de 10 variações positivas do setor. Já a parte de material de construção retraiu 7,6%.
“Março foi sacrificado pela estratégia de isolamento social adotada em algumas das cidades mais importantes e populosas, a partir da segunda quinzena do mês. Essas metrópoles consideraram hiper e supermercados e produtos farmacêuticos como atividades essenciais, enquanto as demais tiveram as portas fechadas nos comércios de rua e nos centros comerciais”, lembrou o gerente da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), Cristiano Santos.
“A queda de 2,5% foi amortecida pelo comércio de produtos essenciais, particularmente os produtos ligados a alimentação, farmácias e drogarias. E não capta ainda todo o efeito da crise sanitária. Então, lamentavelmente, vamos ter quedas muito mais significativas em abril”, reconheceu o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo (Ibevar), Claudio Felisoni. Ele explica que as vendas de bens duráveis, que já registraram quedas de dois dígitos em março, continuam sofrendo. Na Páscoa e no Dia das Mães, por exemplo, o Ibevar identificou quedas entre 30% e 40% nas vendas. Assim, a entidade crê que a alta da demanda por alimentos são será suficiente para amortecer os prejuízos nos próximos meses. (MB)
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.