Economia

Buraco nas contas públicas pode chegar a R$ 571 bi

Correio Braziliense
postado em 14/05/2020 04:04


O aumento dos gastos no combate aos efeitos econômicos da pandemia de covid-19 deverá agravar o quadro fiscal em 2020. As despesas emergenciais que não estavam previstas no Orçamento e a frustração de receitas causadas pela pandemia terão a magnitude fiscal anunciada amanhã pelo Ministério da Economia. As projeções iniciais da Secretaria de Política Econômica (SPE) indicam que o rombo das contas do governo central pode chegar ao recorde de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Representa que o buraco das contas públicas do governo central pode chegar a R$ 571 bilhões neste ano. Em março, a previsão de deficit estava em R$ 87,8 bilhões.

A nova estimativa para as contas públicas foi divulgada ontem, junto com a previsão de que o PIB cairá 4,7%. E se explica pelas variações esperadas para as despesas e as receitas federais neste ano de pandemia.

De acordo com dados da SPE, o custo fiscal das medidas de proteção à economia, aos empregos e social anunciadas para atravessar a pandemia, em termos de impacto no resultado primário, alcança valores próximos de 5% do PIB, em valores atualizados até o último dia 12.

Assim, as previsões de mercado coletadas pela Secretaria indicam que as despesas públicas podem chegar a R$ 1,758 trilhão neste ano. A previsão anterior, coletada em março, era de R$ 1,466 trilhão em despesas. Já as estimativas para a arrecadação do governo federal caíram de R$ 1,642 trilhão para R$ 1,468 trilhão nesse período, segundo relatório da SPE. Como consequência, a previsão da dívida bruta saltou de 76,4% para 89,9% do PIB, conforme as previsões do mercado computadas no Prisma Fiscal e destacadas no boletim da SPE.

As projeções do governo, no entanto, continuam defasadas, pois consideram uma queda de 4,34% do PIB, e não a previsão de contração de 4,7% para a economia brasileira. Por isso, novas estimativas fiscais serão anunciadas pelo Ministério da Economia na próxima sexta-feira.

Waldery Rodrigues, secretário especial de Fazenda, adiantou ainda que, por conta disso, a previsão do deficit primário do governo central será recorde neste ano. “A queda do PIB é a maior da série histórica. O resultado primário que estimamos vai ser acima de 7%, possivelmente acima de 8%. O dado fechado vai ser divulgado depois de amanhã (sexta-feira) e é o resultado mais grave da história”, afirmou, lembrando que, na crise passada, o pico do deficit foi de 2,56% do PIB em 2016.

O governo também admitiu que, apesar do discurso de que as despesas extraordinárias da covid-19 devem ser limitadas a 2020, a crise atual vai impactar o resultado fiscal dos próximos anos. Por isso, mostrou que as projeções de mercado coletadas pela SPE para o deficit primário do governo central em 2021 já subiram de R$ 47,4 bilhões para R$ 169,4 bilhões. Já a perspectiva de endividamento público passou de 76,5% para 88,6% do PIB no próximo ano. (MB e RH)



“A queda do PIB é a maior da série histórica. O resultado primário que estimamos vai ser acima de 7%, possivelmente acima de 8%. É o mais grave da história”

Waldery Rodrigues, secretário especial de Fazenda


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