Correio Braziliense
postado em 14/05/2020 19:04

"Os senhores têm que se mover, têm que nos ajudar. Os senhores têm capacidade de influir. Disparem essas campanhas publicitárias. Lancem essa ajuda à gente", afirmou Guedes, explicando que o presidente Jair Bolsonaro "está falando praticamente sozinho há 60 dias" sobre a necessidade de manter a economia funcionando durante a pandemia do novo coronavírus e "está sendo apedrejado por isso". "O presidente está estendendo a mão, não está ameaçando ninguém, está pedindo ajuda. Pensem o que vai acontecer com o PIB brasileiro, o que vai acontecer com o emprego se essa crise de aprofundar, pensem nisso", insistiu.
O ministro da Economia ainda sugeriu que os empresários, que conversaram com o Executivo por intermédio do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, também procurassem os demais poderes para expressar a preocupação com a retomada da economia brasileira. O Judiciário porque o Supremo Tribunal Federal (STF) delegou aos governadores a responsabilidade de decidir sobre as medidas de distanciamento social e o Legislativo porque o governo entende que é preciso avançar com a agenda de reformas no Congresso para garantir uma recuperação rápida no pós-coronavírus.
Sobre o relaxamento do isolamento social, Guedes afirmou que de fato existe uma doença e que "é triste". Mas afirmou que "existe também uma realidade que está chamando atenção há 60 dias e que está, agora na percepção dos senhores que são empresários, virando uma realidade ameaçadora". Segundo o ministro, a economia brasileira ainda está com "os sinais vitais vivos" e pode ter uma recuperação rápida por conta disso, mas vê essa possibilidade cada vez mais distante à medida que as atividade econômicas continuam paradas por conta do coronavírus.
Cálculos apresentados nessa quarta-feira (13/05) pela equipe econômica explicam que cada semana de quarentena pode gerra uma perda de R$ 20 bilhões para a economia brasileira. Por isso, o Ministério da Economia já avisou que a previsão de que o Produto Interno Bruto (PIB) vai cair 4,7% neste ano deve ser piorada caso a quarentena se estenda pelo mês de junho.
"Uma coisa é ficar certo tempo fechado, outra coisa é de repente descontinuar a produção nacional e mergulhar numa depressão. Esse é o alerta do presidente. Não queremos pressionar nenhum poder. O que o presidente está dizendo é que 'não está ao meu alcance, a decisão desceu para os governadores'. Ora, por que não desceu para os prefeitos que é onde as pessoas vivem? Então, reflitam sobre esse alerta", discursou Guedes, que ainda criticou a decisão do STF de dar aos estados o poder de decidir sobre as medidas de isolamento social dizendo que "se é para levar a lógica da descentralização ao limite, quem tem que decidir é o prefeito".
Já em relação ao Congresso, o ministro disse que os parlamentares podem contribuir com a retomada econômica se aproveitarem esse momento de quarentena para avançar com as reformas e com os marcos regulatórios do saneamento, do petróleo e gás e da energia barata - projetos que, segundo a equipe econômica, podem ajudar a atrair investimentos privados e gerar empregos no pós-pandemia. O ministro ainda lembrou que os empresários que estavam participando da conversa tinham acesso direto aos parlamentares e, por isso, poderiam contribuir com a defesa desses projetos.
"Precisamos do apoio dos senhores, que sempre financiaram campanha eleitoral, que têm acesso com todos os parlamentares, que têm intimidade com o presidente da Câmara e com o presidente do Senado. Os senhores tem os acessos, trabalhem esse acesso para nos apoiar", afirmou Guedes, reforçando que o Congresso pode ajudar o Brasil a "surpreender o mundo" com uma rápida recuperação depois da pandemia da covid-19.
O ministro ainda aproveitou a deixa para pedir que os empresários mostrassem aos parlamentares a importância de fazer com que o dinheiro da saúde não vire reajuste salarial para os servidores públicos, argumentando que não basta o presidente vetar essa medida se depois o Congresso derrubar o veto e permitir o reajuste.
Saiba Mais
Ao final da reunião, Paulo Guedes garantiu, por sua vez, que a sua intenção com esse discurso não era pressionar ninguém. Segundo ele, todo esse apelo não passa de um entusiasmo para que as coisas funcionem no Brasil. "Queremos que a coisa funcione. Queremos que os senhores esclareçam porque, às vezes, o Congresso entendendo as consequências vem na direção. A mesma coisa o Supremo. E, nesse sentido, fazemos a convocação. Acreditamos na democracia, na forma com que está funcionando", alegou.
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