Correio Braziliense
postado em 14/05/2020 22:28
O Ministério da Economia deve lançar na próxima semana novas medidas de crédito para tentar atender os empresários que têm se queixado da dificuldade de obter financiamentos durante a crise do novo coronavírus. A ideia é estender o programa de financiamento da folha para as empresas de grande porte, ampliar a oferta de capital de giro e colocar para rodas a linha de crédito já aprovada pelo Congresso Nacional que promete financiar as micro e pequenas empresas brasileiras.
"Estamos no momento aprovando essas mudanças", garantiu o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao ser questionado pelos empresários que conversaram com o ministro e com o presidente Jair Bolsonaro, por intermédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), por meio de uma conferência realizada nesta quinta-feira (14/05). Logo depois, auxiliares de Guedes ainda confirmaram que a linha de crédito proposta pelo Senado para as micro e pequenas empresas deve começar a funcionar na próxima semana.
Na conversa com os empresários, Guedes reconheceu que o governo precisa fazer ajustes nas políticas de crédito anunciadas em meio à pandemia para que elas de fato cheguem às empresas. A linha de crédito que promete financiar a folha de pagamento, por exemplo, será ajustada porque foi lançada com o intuito de atender 1,4 milhão de empresas e 12,2 milhões de trabalhadores, mas até agora só foi contratada por pouco mais de 61 mil empresas. Os contratos somam, então, R$ 1,4 bilhão e atendem aproximadamente 1 milhão de trabalhadores.
O ministro disse que, por conta disso, pensou até em reduzir o orçamento do programa de R$ 40 bilhões para cerca de R$ 5 bilhões. Mas acabou desistindo da ideia porque os contratos começaram a acelerar nas últimas semanas. O que o governo vai fazer, então, é ampliar o escopo dessa linha de crédito. Segundo Guedes, muitos empresários não puderam aderir ao programa já que o financiamento da folha atende apenas as pequenas e médias empresas que faturam entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões por ano. Por isso, o governo vai elevar esse limite de faturamento.
"Agora parece que acelerou e vieram sugestões de vocês para aumentarmos em vez de pararmos isso em R$ 10 milhões. Por isso, vamos subir para R$ 100 milhões e vamos subindo para ser se usam. [...] Vamos subir o teto para permitir que empresas maiores recorram a esse crédito", contou Guedes, aos empresários da Fiesp.
Guedes reconheceu, também, que muitas empresas não aderiram à medida porque esse linha de crédito exige estabilidade para o trabalhador que tiver o salário financiado. Se financiar esse pagamento por dois meses, portanto, a empresa tem que manter o trabalhador empregado pelos dois meses seguintes. E o ministro afirmou que, diante da crise do coronavírus, algumas empresas não querem assumir esse compromisso e, por isso, devem ser atendidas pelo governo de outra forma: através de capital de giro.
"Às vezes o cara não consegue manter 100%, mas quer manter 80% da folha e mas precisa de capital de giro para outra coisa, para manutenção, equipamento. Por isso, por outro lado, vamos lançar outra modalidade de capital de giro também", prometeu o ministro.
Segundo Guedes, o governo vai apostar no Fundo Garantidor de Investimento para oferecer capital de giro a essas empresas. A ideia é injetar cerca de R$ 20 bilhões no fundo e permitir que os bancos alavanquem esse recurso para que o orçamento chegue perto dos R$ 100 bilhões. "O governo vai bancar os primeiros 20% de perda para animar os bancos a entrarem. [...] Bancamos os primeiros 20% e os outros 80% ficam com os bancos", acrescentou o ministro, dizendo que essa medida sairá até mais barata que o financiamento da folha, que conta com 80% de garantias do governo.
Além disso, o governo vai usar Fundo Garantidor de Operações (FGO) para oferecer crédito para as micro e pequenas empresas - as que mais têm reclamado da dificuldade no acesso ao crédito na crise da covid-19. Como foi proposto pelo Senado, a ideia é oferecer financiamentos de até 30% da receita bruta obtida em 2019 pelas empresas que estão em dia com a Receita Federal com uma garantia de até 85% do governo. É uma medida que pode liberar até R$ 15,9 bilhões para as micro e pequenas empresas e deve entrar em operação na semana que vem, segundo a equipe econômica.
Saiba Mais
Sachsida ainda destacou que fazer com que o crédito chegue ao setor produtivo tem sido a principal cobrança de Guedes nesse momento. Por isso, o secretário garantiu que, caso essas medidas também não sejam efetivas, o governo ainda pode trabalhar em outras políticas de crédito durante a pandemia. "Estamos monitorando de perto. Vamos ver o desempenho desse programa. E, se não for suficiente, certamente nessa questão podem vir novas medidas", afirmou.
"Nós queremos resultado. Se o programa não está funcionando bem, nós vamos aprender e readaptar. Eu admito que existe uma trava do crédito", reforçou Guedes, na live com a Fiesp.
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