Correio Braziliense
postado em 15/05/2020 04:14
O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, confirmou, em reunião virtual com membros da entidade, que deixará o cargo em 31 de agosto de 2020, um ano antes do previsto. O diplomata brasileiro disse que a decisão visa dar mais tempo para que o órgão escolha seu sucessor, sem que o processo dispute atenção com os preparativos para a 12ª Reunião Ministerial (MC12, na sigla em inglês), que acontecerá em 2021. Foram quase sete anos à frente do organismo multilateral. Azevêdo pode ser substituído por uma mulher, segundo rumores que vêm crescendo nos bastidores da instituição.
“Essa é uma decisão pessoal — uma decisão familiar — e estou convencido de que ela serve aos melhores interesses desta Organização”, afirmou Azevêdo, esclarecendo que não tem nenhum problema de saúde nem pretende obter ganhos políticos com isso. “Quando os membros começarem a delinear a agenda da OMC numa realidade pós-covid, eles devem fazê-lo com um novo diretor-geral”, completou.
Pelas regras da instituição, a escolha do novo diretor-geral começaria em dezembro e provavelmente dominaria o primeiro trimestre de 2021, de acordo com o diplomata. “Esse calendário prejudicaria claramente o trabalho preparatório para o MC12, independentemente de ser realizado no verão do Hemisfério Norte ou no final do ano”, destacou.
Azevêdo alertou para a importância desta conferência: “A meu ver, a 12ª Conferência Ministerial deve ser um trampolim para o futuro da OMC. Ela deverá unir os vários esforços em andamento em uma abordagem coerente, e estabelecer as bases para uma reforma mais adiante. Isso significa que a 12ª Conferência Ministerial exigirá dos membros uma preparação e execução cuidadosas”, salientou.
O diretor-geral defendeu que o órgão continue a trabalhar nas reformas, em meio à paralisia provocada por críticas de vários países, sobretudo os Estados Unidos. “Sabemos que a OMC não pode ficar paralisada enquanto o mundo a sua volta muda profundamente. Garantir que a OMC continue a responder às necessidades e prioridades dos membros é um imperativo, não uma opção”, salientou.
Entre os destaques do comando de Azevêdo à frente da Organização está o Acordo de Facilitação do Comércio, que entrou em vigor em fevereiro de 2017, mas foi fechado na Conferência Ministerial de Bali, quatro anos antes. O dispositivo aumentou a transparência entre governos e operadores de comércio exterior e reduziu os impactos burocráticos, na importação e na exportação.
Azevêdo também ressaltou que a reunião do Conselho Geral, marcada para hoje, não será sobre sua renúncia.
31 DE AGOSTO DE 2021
era a data em que o diplomata deveria deixar o organismo multilateral. Segundo ele, ao deixar a OMC agora, facilita os preparativos da MC 12
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