Economia

Rombo de R$ 48,5 bi na Petrobras

Prejuízo refere-se ao primeiro trimestre deste ano. Baixa vertiginosa do preço internacional do petróleo, redução drástica no consumo de combustíveis no mercado interno, e o conflito Arábia Saudita x Rússia foram as causas determinantes

Correio Braziliense
postado em 15/05/2020 04:14
Apesar do mau resultado, empresa prosseguirá no projeto de se desfazer de ativos, para se adequar à realidade de petróleo a preço baixo


A Petrobras anunciou ontem um prejuízo de R$ 48,5 bilhões, no primeiro trimestre de 2020, conforme balanço divulgado ontem à noite, depois do fechamento do mercado. Um resultado negativo era esperado por causa pelo menos de três fatores: 1) petróleo registrando o pior trimestre da história, logo no início deste ano; 2) pandemia mundial do novo coronavírus, que derrubou a demanda por combustíveis no mercado interno; e 3) a guerra comercial entre Arábia Saudita e Rússia. Contudo, as perdas foram maiores do que as estimadas, porque a companhia decidiu fazer uma revisão –– tecnicamente chamada de impairment –– que reduziu em R$ 65,3 bilhões o valor de um conjunto de operações, principalmente campos petrolíferos, para adequar a previsão de receitas ao novo preço do petróleo.

Segundo a empresa, o valor do barril vai oscilar entre US$ 30 e US$ 45 nos próximos anos. Sem a revisão, a Petrobras teria registrado um prejuízo de R$ 4,6 bilhões, com impactos negativos da queda das cotações internacionais do petróleo e os efeitos da desvalorização cambial.

Assim, o prejuízo de R$ 48,5 bilhões representou uma variação de -695% ante o lucro líquido de R$ 8,1 bilhões registrado no último trimestre do ano passado. A perda sem o impairment, de R$ 4,6 bilhões, representou variação negativa de 135,9% na comparação com o lucro recorrente de R$ 12,9 bilhões do trimestre anterior. O lucro recorrente é o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, excluindo itens especiais.

“Registramos prejuízo de R$ 48,5 bilhões no primeiro trimestre de 2020, principalmente devido ao impairment proveniente da revisão das nossas premissas de longo prazo para o petróleo frente ao novo cenário mundial. Nossos resultados também foram impactados pela queda do preço do barril Brent e pelas perdas com variação cambial decorrentes da forte desvalorização do real frente ao dólar. Estes fatores foram atenuados por maiores volumes de exportação, maiores margens nos derivados, menores despesas, incluindo gastos gerais e administrativos, exploratórios e tributários, bem como ganhos com hedge”, informou a companhia.

No balanço, a receita da empresa caiu 7,7% em relação ao quarto trimestre do ano passado, ao passar de R$ 81,7 bilhões para R$ 75,4 bilhões no primeiro trimestre do ano. O lucro bruto caiu 14,7%, de R$ 37 bilhões para R$ 31,6 bilhões, na mesma comparação.

Cortes
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, em mensagem publicada com o balanço, informou que a companhia privilegiou a liquidez, sacando linhas de crédito compromissadas e postergando desembolsos de caixa, como os relativos a salários de executivos, pagamentos de remuneração variável e da parcela restante de dividendos. “Cortamos US$ 3,5 bilhões de investimentos previstos para este ano, hibernamos 62 plataformas operando em águas rasas que, diante de um cenário de preços baixos de petróleo, passaram a produzir sangria de caixa, e estamos renegociando contratos com grandes fornecedores visando à ampliação de prazos de pagamentos e redução de preços”, explicou.

Segundo ele, “o crescimento da dívida no curto prazo não significa o abandono do objetivo estratégico de perseguir um endividamento bruto de US$ 60 bilhões”, disse Castello Branco.

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