Economia

Bolsonaro veta R$ 600 para pais 'solos' e informais fora do CadÚnico

A proposta havia sido aprovada pelo Senado Federal em 22 de abril e aguardava a sanção presidencial

Correio Braziliense
postado em 15/05/2020 09:43

Fila na caixa para sacar auxílio emergencialApesar de o governo federal ter dito que era a favor da concessão do auxílio emergencial para o maior número possível de brasileiros de baixa renda, o presidente Jair Bolsonaro fez uma série de vetos ao projeto do Senado que amplia a lista de trabalhadores que têm direito aos R$ 600.

 

O projeto sancionado pelo presidente foi publicado no Diário Oficial, desta sexta-feira (15/5), e veta a possibilidade de trabalhadores como motoristas de aplicativos e vendedores ambulantes receberem o auxílio. Os pais chefes de família também foram impedidos de receber o auxílio em dobro, mas as mães adolescentes poderão receber R$ 1.200 no lugar de R$ 600.

Profissões

O texto sancionado por Bolsonaro deixa de fora da lista de beneficiários dos R$ 600 profissionais como motoristas de aplicativo, entregadores de aplicativo, caminhoneiros, diaristas, vendedores ambulantes, catadores de material reciclável, pescadores artesanais, agricultores familiares e guias de turismo porque vetou a possibilidade de trabalhadores informais que não estão registrados no CadÚnico receberem o auxílio.

 

A ideia do Senado era permitir que esses trabalhadores recebessem o auxílio durante a pandemia do novo coronavírus, desde que devolvessem esses recursos na forma de Imposto de Renda em 2022 caso tivessem declarado renda acima de R$ 28,6 mil em 2019.

O projeto poderia ampliar em 7,5 milhões o número de trabalhadores elegíveis ao auxílio e elevaria em cerca de R$ 10 bilhões o orçamento do programa, segundo cálculos do Ministério da Economia. Mesmo assim, chegou a ser defendido pela equipe econômica.

 

Antes da votação do projeto no Senado, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, disse que o governo apoiaria o projeto porque "o presidente Bolsonaro e o ministro Guedes acham importante fazer a ampliação".

"O projeto tem um impacto fiscal relevantíssimo, da ordem de R$ 10 milhões, mas do ponto de vista social é fundamental. Com isso, vamos conseguir fechar o ciclo de preservação dos vulneráveis que perderam o emprego por conta do vírus", disse Bianco em 16 de abril.

 

Nesta sexta-feira, contudo, Bolsonaro vetou essa possibilidade. No Diário Oficial, o governo justifica o veto dizendo que "a propositura legislativa, ao especificar determinadas categorias para o recebimento do auxílio em detrimento de outras, ofende o princípio da isonomia ou igualdade material", além de "gerar insegurança jurídica por inserir requisitos que não podem ser verificados nos bancos de dados públicos existentes".

O governo também reclamou que a proposta do Senado cria uma nova despesa para o Executivo, mas não indica a fonte de custeio desse gasto.

 

Chefes de família

Bolsonaro também a vetou a possibilidade de que pais solteiros chefes de família pudessem ganhar R$ 1.200 ao invés de R$ 600. Porém, permitiu que as mães adolescentes, menores de 18 anos, ganhem o auxílio emergencial em dobro. Os R$ 1.200 já estão sendo pagos às outras mães que são chefes de família.

 

O veto do pagamento em dobro do auxílio emergencial foi recomendado pelo Ministério da Família, da Mulher e dos Direitos Humanos, que é comandado pela ministra Damares Alves.

Ao justificar o veto, o governo argumentou que "propositura legislativa, ao ampliar o valor do benefício para as famílias monoparentais masculinas, ofende o interesse público por não se prever mecanismos de proteção às mães-solo, que se constituem a grande maioria das famílias monoparentais, em face de pleitos indevidos, e atualmente recorrentes, realizados por ex-parceiros que se autodeclaram provedores de família monoparental de forma fraudulenta, cadastram o CPF do filho, e impede, por consequência, a mulher desamparada de ter acesso ao benefício".

 

Vetos

Além de Bolsonaro, assinam a sanção com vetos do projeto que amplia o auxílio emergencial a ministra Damares Alves e os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Cidadania, Onyx Lorenzoni.

A lei entra em vigor de forma imediata com essa sanção. Porém, os vetos do presidente Jair Bolsonaro ainda terão que ser avaliados pelo Congresso. Por isso, podem ser derrubados.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags