Economia

À espera do barril em US$ 15

Petrobras assegura que está preparada para uma queda vertiginosa no preço do óleo no mercado internacional. Isso porque tomou medidas de ajuste financeiro a fim de conseguir atravessar o período de baixa demanda e pouca atividade econômica

Correio Braziliense
postado em 16/05/2020 04:13
Castello Branco enfatizou a saúde financeira da estatal e assegurou que, neste instante, a prioridade é preservar a vida dos funcionários


A Petrobras está preparada para um barril de petróleo a US$ 15. A garantia foi dada ontem pelo presidente da empresa, Roberto Castello Branco, ao explicar o prejuízo recorde de R$ 48,5 bilhões, no primeiro trimestre do ano. As perdas da petroleira são o maior prejuízo nominal já registrado por uma empresa de capital aberto em qualquer trimestre historicamente, segundo a Economatica, consultoria de informações financeiras. O motivo do rombo foi um ajuste de ativos às quedas no preço do barril de petróleo e na demanda em função da crise do novo coronavírus. O chamado impairment teve impacto no resultado financeiro de R$ 65,3 bilhões.

Em videoconferência com investidores, a diretoria ressaltou que ajustou a projeção feita em 2019, de US$ 65 por barril. Agora, as estimativas são barril a US$ 25 em 2020, a US$ 30, em 2021, subindo U$ 5 por ano até atingir US$ 50 no longo prazo (2025). “O impairment significou uma grande baixa de ativos de exploração e produção em águas rasas e profundas, e um único ativo do pré-sal, o campo Berbigão Sururu, que não seriam resilientes ao baixo do preço do petróleo”, justificou Castello Branco.

A diretora da Área Financeira e de Relacionamento com Investidores, Andrea Marques de Almeida, explicou que a estatal adequou seu perfil de endividamento para garantir a sobrevivência neste cenário adverso. “Conseguimos reduzir o custo de captação, hoje em 5,6% ao ano, com prazo médio de 9,74 anos”, ressaltou. A contratação com novas linhas foi de US$ 1,7 bilhão e a rolagem de dívidas, de US$ 500 milhões. Os investimentos foram reduzidos de US$ 12 bilhões para US$ 8,5 bilhões em 2020 e os gastos, em US$ 2 bilhões. “Com isso, poderemos ter resiliência com US$ 24 por barril. Mas estamos preparados para até US$ 15”, observou.

Custo menor
Carlos Alberto Pereira de Oliveira, diretor executivo de Exploração e Produção, disse que a Petrobras conseguiu reduzir o custo de exploração de petróleo em 28%. “Nas águas profundas, está abaixo de US$ 6”, disse. No primeiro trimestre de 2020, esse custo é de US$ 5,9 ante US$ 8,5 no primeiro trimestre de 2019 e US$ 6,6 no quarto trimestre de 2019. “Tivemos crescimento de 47% na produção do pré-sal em relação ao mesmo período do ano passado e de 1% sobre o trimestre anterior”, assinalou. A produção comercial subiu 13% e caiu 5%, nas respectivas comparações.

Segundo Oliveira, o campo de Búzios, no pré-sal, tem excelentes resultados. “Era responsável por 9% da produção da companhia e hoje é por 31%, com recorde de produção em 10 de março, quando produziu 640 mil barris de óleo por dia (bpd) e 790 mil barris equivalentes (boed). A produção de petróleo não foi impactada no primeiro trimestre, mas tivemos queda em abril”, afirmou.

Anelise Lara, diretora de Refino e Gás Natural, destacou que a retração no mercado interno no início de abril foi muito grande, mas, em maio, a redução na demanda por gasolina e diesel está menor. “Em abril, a retração na demanda por diesel foi de 50%, da gasolina de 65% e do querosene de aviação (QAV), de 90%”, disse. “Em maio, com maior consumo, a redução na demanda por diesel caiu para 30% e a da gasolina para algo entre 40% e 45%”, comparou. Anelise destacou que apenas o QAV continua com a demanda 90% menor.

Medidas
Castello Branco apresentou as medidas de enfrentamento à covid-19 implementadas pela Petrobras. “Nossas prioridades são preservar a saúde dos nossos funcionários e a liquidez da empresa. Fizemos testagem total em 25% dos empregados. Apenas 10% estão nos escritórios e 50% nas equipes de operações”, afirmou. “Criamos um comitê de liquidez e outro de negociação de contratos, a fim de preparar a companhia para sobreviver no contexto de crise”, ressaltou.

Segundo o presidente da empresa, 62 plataformas que representavam “sangria de caixa” foram hibernadas. “Nosso programa de desinvestimento permanece intacto. E a experiência de home office nos permitiu ver que é possível trabalhar apenas com 50% do efetivo dos escritórios. Isso trará mais redução de custos. Gastamos R$ 35 milhões apenas em manutenção”, assinalou.

“Conseguimos reduzir o custo de captação, hoje em 5,6% ao ano, com prazo médio de 9,74 anos. Com isso poderemos ter resiliência com US$ 24 por barril. Mas estamos preparados para até US$ 15” 

Andrea Marques de Almeida, diretora da Área Financeira e de Relacionamento com Investidores 


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